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quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Documentário destaca influência de O Globo na demolição do Palácio Monroe

 

Olá, internautas

A TV Senado se destaca pela exibição de documentários na faixa “Senadoc” que vai ao ar por volta da meia-noite. Nesta madrugada de quarta (05/02) para quinta-feira (06/02), a emissora exibiu o interessante “Crônica da Demolição”.

O filme dirigido por Eduardo Ades com roteiro de Eduardo Ades e José Eduardo Limongi foca na demolição do histórico Palácio Monroe que abrigava a antiga sede da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.

O documentário destaca como o local foi alvo de uma intensa campanha difamatória sob a alegação de que trazia prejuízos estéticos à área central do Rio de Janeiro. A atração revela os jogos de poder existentes por trás da decisão pela demolição.

Em um dos trechos mais provocativos, “Crônica da Demolição” ressalta como o jornal O Globo contribuiu para a disseminação da ideia da demolição do edifício que ostentava a arquitetura eclética. Segundo o documentário, Roberto Marinho era um dos seus maiores defensores. Após a decisão do presidente-general Ernesto Geisel, o jornal publicou um editorial de comemoração sobre a demolição do Monroe, após anos de “campanha” do periódico.

Em outro momento, o documentário revela que a família Marinho desejava também a derrubada do Parque Lage para a construção de edifícios. Graças ao governador Carlos Lacerda, o edifício histórico e a área foram protegidos com o tombamento, o que, infelizmente, não ocorreu com o Monroe.

O filme resgata imagens doloridas dos escombros do antigo Senado Federal, local que abrigou a história do nosso País. “Crônica da Demolição” cutuca a influência de O Globo, na opinião pública, que contribuiu para a derrubada de um símbolo político brasileiro situado no Rio de Janeiro. Em seu lugar, ficou um enorme vazio preenchido por um chafariz sem água para não atrair meninos de rua. O documentário ainda ressalta que as obras do metrô, que serviram inicialmente como justificativa, contornaram todo o terreno (portanto, não afetariam as bases do palácio).  

Nos dias atuais, em São Paulo, há uma derrubada de centenas (quiçá, milhares) de casas no centro expandido para a construção de edifícios com os intragáveis microapartamentos de 30 metros quadrados (expressão revestida pelo marketing das antigas kitnets). E isso é raramente abordado pela mídia e telejornais, mesmo com a quebra do monopólio do Grupo Globo nos meios de comunicação contemporâneos. O passado está sendo soterrado pela especulação imobiliária que redunda numa qualidade de vida questionável em moradias minúsculas.

O apagamento do Palácio Monroe provoca reflexões que permanecem no nosso atual presente. 

Fabio Maksymczuk

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