Olá, internautas
A TV Senado se destaca pela exibição de documentários na
faixa “Senadoc” que vai ao ar por volta da meia-noite. Nesta madrugada de
quarta (05/02) para quinta-feira (06/02), a emissora exibiu o interessante
“Crônica da Demolição”.
O filme dirigido por Eduardo Ades com roteiro de Eduardo
Ades e José Eduardo Limongi foca na demolição do histórico Palácio Monroe que
abrigava a antiga sede da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
O documentário destaca como o local foi alvo de uma intensa
campanha difamatória sob a alegação de que trazia prejuízos estéticos à área
central do Rio de Janeiro. A atração revela os jogos de poder existentes por
trás da decisão pela demolição.
Em um dos trechos mais
provocativos, “Crônica da Demolição” ressalta como o jornal O Globo contribuiu
para a disseminação da ideia da demolição do edifício que ostentava a
arquitetura eclética. Segundo o documentário, Roberto Marinho era um dos seus
maiores defensores. Após a decisão do presidente-general Ernesto Geisel, o
jornal publicou um editorial de comemoração sobre a demolição do Monroe, após
anos de “campanha” do periódico.
Em outro momento, o documentário
revela que a família Marinho desejava também a derrubada do Parque Lage para a
construção de edifícios. Graças ao governador Carlos Lacerda, o edifício
histórico e a área foram protegidos com o tombamento, o que, infelizmente, não
ocorreu com o Monroe.
O filme resgata imagens doloridas
dos escombros do antigo Senado Federal, local que abrigou a história do nosso
País. “Crônica da Demolição” cutuca a influência de O Globo, na opinião
pública, que contribuiu para a derrubada de um símbolo político brasileiro
situado no Rio de Janeiro. Em seu lugar, ficou um enorme vazio preenchido por
um chafariz sem água para não atrair meninos de rua. O documentário ainda ressalta
que as obras do metrô, que serviram inicialmente como justificativa,
contornaram todo o terreno (portanto, não afetariam as bases do palácio).
Nos dias atuais, em São Paulo, há
uma derrubada de centenas (quiçá, milhares) de casas no centro expandido para a
construção de edifícios com os intragáveis microapartamentos de 30 metros
quadrados (expressão revestida pelo marketing das antigas kitnets). E isso é
raramente abordado pela mídia e telejornais, mesmo com a quebra do monopólio do
Grupo Globo nos meios de comunicação contemporâneos. O passado está sendo
soterrado pela especulação imobiliária que redunda numa qualidade de vida
questionável em moradias minúsculas.
O apagamento do Palácio Monroe provoca
reflexões que permanecem no nosso atual presente.
Fabio Maksymczuk
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