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quarta-feira, 4 de junho de 2025

"Toda Forma de Amor" ousa em cenário conservador

 

Olá, internautas

Em uma madrugada recente, tive a oportunidade de acompanhar a maratona de cinco episódios de “Toda Forma de Amor” no Canal Brasil. A série, dirigida por Bruno Barreto, traz narrativas ousadas em um país assolado pela onda conservadora.

A produção explora o universo LGBTQI+ em São Paulo. Romulo Arantes Neto interpreta Daniel, filho do pastor Alvim, vivido por Juan Alba. O religioso é um candidato a deputado federal que critica o “homossexualismo” e a “Bolsa Traveco”. Ao mesmo tempo, o rapaz é dono de uma boate voltada aos transexuais e fica envolvido com uma trans. Em uma das cenas, Romulo aparece em nu frontal numa cena de sexo anal.

A DJ Marcela (Gabrielle Joie) vive dilemas com sua mãe que não aceita a transição e também com seu namorado Jean (Gustavo Merighi) que rompe o relacionamento, após a trans decidir pela redesignação sexual. Ele deseja se casar com um rapaz.

Já Paulo (Eucir de Souza) é um homem casado com uma mulher, mas sente o desejo incontrolável por usar calcinha e roupas femininas. Durante os episódios, ele encontra coragem para viver o seu lado crossdresser. Sua esposa fica revoltada quando o vê depilado.

A história tem como um dos núcleos centrais um serial killer que mata travestis. O investigador Pedro (Alexandre Cioletti) fica responsável pelos casos, ao mesmo tempo que enfrenta uma crise conjugal com Clara (Christiana Ubach), uma mulher andrógena que sente atração sexual pela terapeuta Hannah (Guta Ruiz).

Em uma terapia de casal, a psicóloga revela o envolvimento entre elas. Cenas de masturbação no banheiro e em um restaurante ganham espaço na série. “Dizem que as lésbicas são ótimas com a língua. Ela te chupou muito? Te enfiou quantos dedinhos lá dentro?”, indaga o marido. Em outro momento, Pedro revela que só faz sexo anal com sua esposa, já que a imagina sendo uma “mulher com pau”. O texto da série é direto e sem meandros no linguajar.

Segundo informações ventiladas pela mídia, ocorreu um condensamento de sete para cinco episódios. Desse modo, o roteiro de Marcelo Pedreira fica acelerado. Rapidamente, Daniel, que tinha aversão absoluta por travestis, resolve transar com Marcela. Além disso, o último episódio deixa claramente brechas para uma segunda temporada que, desde 2019, não saiu do papel.

Em um país cada vez conservador, dificilmente o projeto será concluído. No atual cenário, "Toda Forma de Amor" não deve ganhar janela na TV aberta. Mesmo assim, o público que acompanhou a obra aguarda o desfecho da história. 

Fabio Maksymczuk

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