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quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Nunca se assistiu tanta TV como agora, defende executiva da Globo no OBITEL 2018



Olá, internautas

Nesta quinta-feira (16/08), acompanhei a mesa redonda sobre a série Carcereiros no “XIII Seminário Internacional do Observatório Ibero-Americano de Ficção Televisiva (OBITEL)” promovido na Universidade de São Paulo (USP). Os autores da trama, Fernando Bonassi e Marçal Aquino, apresentaram o case ao lado da Head de Curadoria de Conteúdo da Globo, Leonora Bardini, em debate mediado pela jornalista e roteirista Bianca Ramoneda.

Logo no início, Leonora explicou que Carcereiros foi lançada, originalmente, no Globo Play, antes mesmo da estreia na TV Globo. O Grupo busca expandir o conteúdo televisivo nas diferentes telas. De acordo com a executiva, as plataformas se retroalimentam. “É um grande ecossistema, diversas janelas. Primeira tela. Segunda tela”, ponderou.

Ela ressaltou que não ocorre uma canibalização ou diminuição da atratividade e da audiência com o lançamento das séries em outros veículos, antes da TV aberta. “Isso é mito que já foi quebrado”, frisou. “A história pode impactar mais gente. Há um público que rejeita a TV aberta e a série encontra esse público em outras plataformas”, explicou. “Nunca se assistiu tanta TV como agora. Não é só TV em tubo ou LED. Está em todo lugar”, salientou.

Aquino ressaltou que “Carcereiros” é uma obra inspirada livremente no livro de Drauzio Varella, mas que a série foi criada do zero. “O livro é composto de esquetes”, explicou. Bonassi completou ao comentar que o seriado foi criado com cada episódio independente do outro com início, meio e fim.  “É diferente da minissérie com um capítulo interligado ao outro”, disse.

Aquino revelou que a duração de “Carcereiros” foi o maior desafio dos roteiristas. “É igual jogar futebol de salão com anões”, brincou. O roteirista salientou que tinha que apresentar o problema, desenvolvê-lo e solucioná-lo em apenas 20 minutos. E ainda havia os depoimentos reais que foram inseridos na produção.

Aquino aproveitou a oportunidade para analisar a figura do roteirista. Ele explicou que agora o profissional deve acompanhar a edição dos episódios. “Antes, nós apenas íamos ao set para tirar foto com os atores e mostrar para a mãe”, zombou. “A figura do roteirista hoje é muito valorizado”, comentou.

Aquino revelou que a segunda temporada de “Carcereiros” não previa a inclusão dos depoimentos reais dos agentes penitenciários, mas que isso foi modificado diante da repercussão positiva dos telespectadores.

No encerramento do debate, Bonassi traçou um paralelo entre novelas e séries. “Nós vivemos com a sombra negra das novelas”, disparou. O roteirista explicitou que defende a inserção de novas linguagens na teledramaturgia da TV Globo ao fugir do melodrama, elemento característico das telenovelas, carro-chefe da emissora. “Nós continuaremos a disputar com Venezuela, México e Turquia ou ampliar novos mercados externos?”, indagou.

Agradeço o convite do Centro de Estudos de Telenovela da USP. É um prazer acompanhar as discussões no meio acadêmico.

Fabio Maksymczuk

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