Olá, internautas
“Travessia” chegou ao fim na última sexta-feira (05/05). A
novela da nove da TV Globo foi adiantada para ocupar a faixa pós-Pantanal. No planejamento
inicial, Todas as Flores entraria na vaga. Tal fato pode ter comprometido o
melhor desenvolvimento da obra de Gloria Perez. Nasceu prematura com falhas
perceptíveis na construção do roteiro.
Jade Picon, que mal tinha saído do BBB, entrou na produção sem respiro
algum. A influenciadora digital deixou a “casa mais vigiada do Brasil” com uma
imagem arranhada. Grande parte dos telespectadores tinha ranço da jovem e
criou-se uma rejeição logo nos primeiros capítulos. Pulularam críticas negativas com um peso muito maior do
que estava sendo apresentado no vídeo.
Na reta final, com a passagem do tempo sem o ranço vindo do reality, o público e a crítica começaram a ver com outros olhos o desempenho da
atriz. No final das contas, ela superou o desafio. Não comprometeu a novela e
diminuiu sua rejeição. É claro que a autora e direção erraram em escalar Jade
tão precocemente no horário mais nobre da TV brasileira. A justificativa é que
Chiara seria uma influenciadora digital, o que entraria no contexto da
produção. Isso não foi visto no desenvolvimento dos capítulos.
A seguir, o nosso tradicional balanço com os pontos positivos
e negativos.
PONTOS POSITIVOS
Chay Suede (Ari): o ator, de fato, se destacou na novela com
o anti-herói Ari. Chay conseguiu sustentar o núcleo central com o seu carisma
natural. A autora errou no desfecho do personagem. Mais adiante, explicações
sobre tal percepção.
Cassia Kis (Cidália): a personagem mais bem trabalhada da
novela. A cena do desespero da executiva com o golpe de Ari marcou a sua
brilhante atuação. Foi bem do início ao fim. Conseguiu passar a personalidade gélida
e racional de Cidália.
Danielle Olimpia (Karina): Travessia estreou com a premissa de
abordar o mundo da tecnologia, redes sociais e internet. A história paralela
que abordou o estupro virtual e a pedofilia, através da personagem Karina, foi
a melhor desenvolvida em toda a trama. Danielle conseguiu envolver o público
com o drama da jovem estudante. Também é válido destacar o trabalho do ator
Claudio Tovar que personificou o pedófilo.
Assexualidade: a autora Gloria Perez sempre traz a temática
do universo LGBTQIA+ em suas telenovelas. Desta vez, a letra menos conhecida
pela sociedade ganhou espaço, através dos personagens Rudá (Guilherme Cabral) e
Caique (Thiago Fragoso). O público teve a oportunidade de conhecer as variações
dentro da comunidade assexual. Mais informação e menos preconceito, através da
teledramaturgia.
Dependência tecnológica: a novela também acertou ao trazer a
pauta da dependência tecnológica, através do personagem Theo (Ricardo Silva). O
núcleo da família Monteiro, formado por Monteiro (Ailton Graça), Lais (Indira
Nascimento) e Isa (Duda Santos), enfrentou as consequências dos distúrbios do dependente,
como se fosse um viciado em drogas ou álcool. As falas do psicólogo Cristiano
Nabuco abriram o horizonte sobre o problema e alertaram os telespectadores. Prestação
de serviço dentro da teledramaturgia. Missão cumprida.
Alexandre Nero (Stenio): o ator realmente demonstrou sua
competência. Resgatou todos os trejeitos e personalidade do advogado de dez anos
atrás.
Giovanna Antonelli (Delegada Helô): a atriz, novamente,
sustentou a novela, desta vez somente na reta final. A sua luta contra o
pedófilo travestido de Bruna Schuller demonstrou a força da personagem que
deveria ter sido muito mais explorada em “Travessia”. Também é válido destacar
o bom trabalho da atriz Claudia Mauro que viveu a mafiosa espanhola Pilar.
Flavia Reis (Marineide): a atriz demonstrou sua competência ao
viver a mãe de Karina. O carinho de Marineide com a sua filha estuprada
virtualmente transbordou pelo olhar.
PONTOS NEGATIVOS
Brisa (Lucy Alves): uma das personagens mais mal construídas
da novela. Desde os primeiros capítulos, Brisa não passou uma boa imagem, sendo
que era a mocinha da história. Inicialmente,
já tinha demonstrado interesse em Oto, que foi responsável direto por sua
prisão, quando Ari propôs a reconciliação. Após ter ficado encarcerada, não buscou
notícias do filho e nem avisou os amigos de Mandacaru sobre o seu
desaparecimento. Ficou no Rio de Janeiro sem fazer contato algum. Todos,
naturalmente, apreensivos. Na reta final, decidiu retornar a relação com Oto,
mesmo com o rapaz apostado em outro “romance” com Bia (Clara Buarque). Não se
valorizou e não passou a imagem de mulher empoderada. É válido destacar que o
imbróglio do DNA e da fala enigmática da Cigana (Sura Berditchevsky) funcionaram
no enredo.
Oto (Rômulo Estrela): outro personagem muito mal
desenvolvido em “Travessia”. Oto já entrou na novela com ares nebulosos. Hacker.
Colaborador do vilão Moretti. Entregou uma arma de fogo para Brisa no Rio de
Janeiro. Mentiu em seu depoimento para se safar. Depois, envolveu-se em beijos
tórridos com Bia. Terminou com a amiga de Sara (Isabelle Nassar) de uma forma deselegante.
Volta para Brisa, como se nada tivesse acontecido. Personificou o homem com irresponsabilidade
afetiva. E para piorar, Oto termina sem punição alguma. O hackeamento foi esquecido
e ignorado. O ator Rômulo Estrela não se destacou na interpretação.
Moretti (Rodrigo Lombardi): o pior personagem da carreira de
Rodrigo Lombardi na teledramaturgia. Moretti foi o personagem mais mal desenvolvido
em toda a trama. Ficou completamente solto durante toda a novela. Sem conexão
com nada.
Desfecho dos personagens: Guida (Alessandra Negrini) “planta” uma prova falsa contra Ari
(arma na mansão) e sai livre, leve e solta. Sem punição alguma. Rudá “planta”
uma fake news na internet. Arruína a vida de Brisa e acontece absolutamente nada.
Ari deveria ter ficado sozinho (sem Brisa e nem Chiara) e não ter terminado ao
lado de mais uma “filha do dono”. Continuou na vibração de ter aprendido nada. Terminou
sem uma punição. O descrédito com a justiça na vida real contaminou a
teledramaturgia.
Abordagem superficial sobre sequestro: a trama que envolveu
Gil (Rafael Losso) passou superficialidade. O melhor amigo de Ari usou um aplicativo
de relacionamento para encontrar uma parceira. Na realidade, era um golpe.
Ficou sequestrado e teve a conta surrupiada. Dentro da temática proposta da
novela. Porém, a abordagem foi superficial. Pouquíssimos capítulos para abordar
a pauta importante.
Primeira fase: os primeiros capítulos de “Travessia” foram
muito mal desenvolvidos, o que afugentou o público logo no início. A luta pelos
casarões em São Luis e a preservação histórica poderiam ter sido também melhores
desenvolvidas no roteiro.
Fabio Maksymczuk
Como você já fez sua análise, Fábio, deixarei aqui a minha opinião sobre esse lixo que ousaram chamar de "novela": foi um desastre. Foi uma trama extremamente confusa. Nem acompanhei direito a novela, mas deu para ver que era uma zona. Sem enredo, sem contexto, sem direção... um verdadeiro fiasco. Talvez se "Todas as Flores" (que é pesadíssima e foi parar no Globoplay) entrasse primeiro, ninguém reclamaria tanto, pois muito comentada nas redes sociais.
ResponderExcluirPedro Henrique
Rio de Janeiro (RJ)
O público do globoplay é diferente da TV aberta. O autor ficaria limitado pela classificação indicativa se deu melhor ficando na internet
ExcluirTodas as Flores é uma produção com menos capítulos... Não dá para comparar...
ExcluirEu também achei a Assexualidade que é um tema inédito na dramaturgia brasileira e também a Dependência Tecnológica dois dos poucos pontos positivos de Travessia.
ResponderExcluirConcordamos
ExcluirDiscordo sobre a assexualidade, pois acho que o tema foi abordado de forma errônea.
ResponderExcluirAcho que o Oto personagem tinha um perfil interessante, mas foi mal desenvolvido e deixado de lado quando se envolveu com Bia.
Gostei de rever Steloisa, pois apesar de terem sido mal aproveitados (recaídas repetitivas que não evoluíram pra nada e filha não mencionada), deu pra perceber um certo amadurecimento dos personagens. Principalmente do Stenio que se mostrou mais fiel ao seu amor pela Helô, diferentemente do que ocorreu em SJ. Em 2012 o Stenio se envolveu com Bianca e foi acusado de trair a Helô no primeiro casamento.
Não percebo que foi abordado de forma errônea...
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