Olá, internautas
“Família É Tudo” chegou ao fim na última sexta-feira
(27/09). A novela das sete criada por Daniel Ortiz com direção artística de
Fred Mayrink elevou os índices de audiência herdados da fracassada “Fuzuê”. A
produção normalmente ficou ao redor dos 22 pontos de média. A antecessora mal
conseguia adentrar a casa dos 20 pontos.
“Família É tudo” teve o mérito de resgatar o espírito das
novelas das sete da emissora platinada. Obra leve, descontraída e despretensiosa.
A seguir, o nosso tradicional balanço final com os pontos positivos e negativos:
PONTOS POSITIVOS
Daphne Bozaski (Lupita): a atriz foi um dos destaques da
novela das sete. Irradiou carisma ao viver a guatemalteca Lupita que mexeu com
o coração de Guto e Júpiter. O desfecho com o visual original foi um dos
acertos da reta final. Não passou pelo processo de embelezamento para transformá-la
em uma “mulher padrão”.
Daniel Rangel (Guto): o ator conseguiu imprimir uma identidade
própria ao estagiário da Mancini Music. Guto se transformou em um dos
personagens mais queridos da novela.
Thiago Martins (Júpiter): o ator também se destacou no
elenco ao viver o então “boy lixo” Júpiter. A experiência de Martins fez a
diferença ao ficar na linha de frente da trama. Trouxe carisma e bom humor. Um
dos poucos atores cariocas que se preocupou em neutralizar o sotaque em uma
novela teoricamente ambientada em São Paulo.
Gabriel Godoy (Chicão): o ator trouxe o sotaque paulistano
para “Família É Tudo”. Mais um ótimo trabalho ao trazer o bom humor para o palmeirense
Chicão. Incorporou o espírito dos “manos da Zona Leste”.
Nathalia Dill (Vênus): a atriz estava linda em “Família É
Tudo”. Protagonizou a novela com leveza. Uma mocinha que ganhou a simpatia do
público.
PONTOS NEGATIVOS
Reforço da carioquice da TV Globo: “Família É Tudo” seria
uma novela que traria o espírito de São Paulo. Como aconteceu em “Renascer”, a
novela de Ortiz poderia ter sido ambientada em qualquer cidade. Além disso, o
sotaque carioca acentuadíssimo de parte expressiva do elenco tirou o ar
paulistano da obra. Ramille, por exemplo, sustentou a personagem Andrômeda pelo
seu carisma. Em nenhum momento, ela conseguiu incorporar o espírito da
personagem que seria uma patricinha de bairro nobre da capital paulista que foi
morar no distante bairro de Vila Carrão. Aliás, não era Zona Leste, mas Zona
Lessxxxxxte. Não era Vênus, mas Vênussssxxxxx. O mesmo aconteceu com Henrique
Barreira que viveu o advogado Murilo. O personagem, neste caso, não precisava
ser um “paulistano raiz”, mas o sotaque acentuado do ator também reforçou o ar
carioca da produção. Ao mesmo tempo, a beleza e o carisma de Barreira no vídeo fortaleceu
o personagem em contraposição a Jayme Matarazzo que ficou apagado na pele de
Luca.
Ausência de Arlete Salles – com um elenco tão irregular, é incompreensível
que a veterana Arlete Salles, atriz do primeiro escalão da TV Globo, tenha
ficado de escanteio em grande parte dos mais de 170 capítulos da novela “Família
É Tudo”. Arlete apareceu de relance nos
primeiros capítulos e só ressurgiu com algum espaço nos últimos trinta
capítulos ao revelar a troca das irmãs Frida e Catarina.
Renato Goes (Tom Monteiro): o ator não se destacou na pele
do mocinho Tom. Foi um dos seus trabalhos mais apagados em telenovelas da TV
Globo. Além disso, o sotaque pernambucano do ator apareceu também como um forte
ruído na produção. O personagem seria um paulistano que apareceu logo no
primeiro capítulo nas instalações da Faap. Faltou esse espírito na
interpretação.
Desfecho do triângulo amoroso entre Lupita, Guto e Júpiter: o
autor Daniel Ortiz já tinha se equivocado na novela Haja Coração com o desfecho
de Tancinha, Apolo e Beto. O mesmo aconteceu agora com o final de Lupita, Guto e
Júpiter. Lupita deveria ter ficado com Guto. A cigana, logo nos primeiros capítulos,
já tinha traçado o desfecho com uma previsão. No meio do caminho, aparentemente,
Ortiz mudou de ideia e tentou justificar a mudança de rota nos últimos capítulos.
Outro triângulo também provocou desconforto com o “talarico” Murilo que ficava
de olho na namorada do próprio irmão.
Repetição de Paulo Lessa: a TV Globo vive um momento
delicado em suas telenovelas. A repetição constante de atores é um indício da
má fase. Paulo Lessa, há pouco tempo, se destacou em Cara e Coragem. 2022-2023.
Logo depois, reapareceu em “Terra e Paixão”. 2023-2024. Agora, mais uma vez,
ressurgiu em “Família É Tudo” com um personagem sem grandes complexidades. Há
dezenas (quiçá, centenas) de atores que estão fora do ar e poderiam ter ganhado
essa oportunidade.
Fabio Maksymczuk
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