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sábado, 18 de outubro de 2025

Nova versão de Vale Tudo termina de forma desastrosa

 

Olá, internautas

Nesta sexta-feira (17/10), Vale Tudo chegou ao último capítulo. A novela adaptada por Manuela Dias com direção artística de Paulo Silvestrini estreou sem grande expectativa. Até mesmo, este espaço, meses antes da estreia, já tinha previsto a perspectiva ruim. Em 20 de outubro de 2024, publicamos: “Manuela Dias ficará responsável pelo remake de “Vale Tudo”. Outro erro grosseiro. O autor Aguinaldo Silva deveria ter ficado com a missão. A novela nas mãos de Manuela tende a trilhar o caminho do “politicamente correto””.

O planejamento da produção já contemplava erros básicos que se confirmaram nesses sete meses. A crise da Globo na produção de telenovelas ficou evidente com o desastroso último capítulo de Vale Tudo. Um dos piores desfechos que já acompanhei em mais de três décadas.

A ideia da reconstrução da trama de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, em um país marcado pela acentuada polarização política, já era equivocada. A autora, diante do atual panorama, fugiu do cerne da obra oitentista. Teria sido mais ‘honesto’ uma novela com outro título, como já aconteceu com Haja Coração, baseada em Sassaricando. Não seria uma ideia inédita.

Uma parcela considerável do público conseguiu compreender que a produção não era um remake, mas sim uma ‘nova versão’, do meio para o final. Já outra parte insistiu em traçar comparações com a original de 1988. “Vale Tudo 2025” começou mal. Cresceu do meio até o ‘assassinato’ de Odete Roitman. E terminou de forma melancólica.

Segue o nosso tradicional balanço com os pontos positivos e negativos.

PONTOS POSITIVOS

Debora Bloch – A atriz, de fato, conseguiu imprimir a sua identidade à icônica vilã Odete Roitman que faz parte da primeira prateleira da teledramaturgia nacional. A partir do maior enfoque para a família da matriarca, Vale Tudo 2025 conseguiu ganhar corpo. Odete conquistou até torcida de parte considerável do público, diante dos impropérios de seus familiares. Odete, nas mãos de Debora, potencializou a imagem de mulher empoderada. Uma loba, mesmo com as ‘falas problemáticas’.

Belize Pombal – A atriz alavancou a nova versão de Vale Tudo. Segura e firme no vídeo ao interpretar uma mulher mais velha do que a sua real idade. Fugiu de qualquer caricatura. Também imprimiu uma identidade única à Consuêlo que era braço direito de Odete Roitman na TCA. A história paralela permitiu o crescimento da nova versão. Ao lado de Aldeíde (Karine Teles), o núcleo suburbano permitiu uma identificação com o brasileiro da classe média baixa. Aqui a diversidade cumpriu a sua missão. De forma natural e sem discursos de militância. O melhor do DNA de Manuela Dias permeou todo esse núcleo.

Guilherme Magon: o ator se destacou ao viver Leonardo, filho de Odete Roitman. Em uma cadeira de rodas, Magon transparecia, pelo olhar, o drama do herdeiro da família Roitman. Manuela Dias acertou em cheio na construção da nova história.

Lucas Leto - o ator deu vida ao carismático Sardinha. Chamou a atenção do primeiro ao último capítulo com uma boa atuação.  

Julio Andrade (Rubinho) – excelente ator que brilhou em sua rápida participação especial nos primeiros capítulos de Vale Tudo.

 

PONTOS NEGATIVOS

Último capítulo: a “ressureição” de Odete Roitman foi, pessimamente, desenvolvida. Do nada, ela desperta e segue rumo a um local clandestino para a cirurgia de emergência. A ideia de mantê-la viva é interessante. Porém, deveria ter sido um plano da própria vilã para escapar da prisão. A história poderia ter arrematado o telespectador. Tê-lo surpreendido. Nada disso aconteceu. Mal sobrou tempo para o mistério que deveria ter sido o grande chamariz de todo o último capítulo. A autora enfiou desfechos de personagens secundários, sem peso para a obra, como a questão da assexualidade de Poliana (Matheus Nachtergaele) e Marieta (Cacá Ottoni) e do casamento homoafetivo de Lais (Lorena Lima) e Cecilia (Maeve Jinkings). Claramente para reforçar o ar da “diversidade” da produção. Tais encerramentos poderiam ter acontecido em capítulos anteriores.

Raquel e Ivan – o casal interpretado por Tais Araújo e Renato Goes não empolgou. O ranço com o enlace amoroso dos protagonistas se acentuou, após a postura de ambos com Heleninha (Paolla Oliveira) que vivia o drama da dependência alcóolica. Ivan, até mesmo, apareceu com a imagem de vilão da história nesse momento. É válido destacar que Tais, de fato, se entregou visceralmente à Raquel. Com intensidade. O mesmo não pode ser dito sobre o desempenho de Goes que já não vinha com bom destaque de Família É Tudo.

Paolla Oliveira – a atriz não conseguiu imprimir o drama da dependência alcóolica de Heleninha. Escalação equivocada. Na realidade, a personagem nas mãos de Paolla ganhou contornos de ‘mocinha’ da história. O desfecho também ficou aberto no último capítulo.

Desfecho da Tia Celina (Malu Galli) – uma das personagens mais importantes da nova versão não teve um desfecho claro. Ela ficou com Esteban (Caco Ciocler)?

Construção do novo Marco Aurélio – a autora nitidamente quis humanizar e suavizar a imagem do corrupto Marco Aurélio, interpretado por Alexandre Nero. Até criou a história de admiração pela menina Sarita, adotada por sua irmã. Ganhou ares cômicos e infantil, especialmente em sua relação com o seu assessor Freitas (Luis Lobianco).

Exclusão da dependência de jogo - do nada, a compulsão de Vasco (Thiago Martins) pelos famigerados “joguinhos” desapareceu, por completo, da nova versão de Vale Tudo. A TV Globo perdeu uma ótima oportunidade de abordar um assunto que atinge milhões de brasileiros.

Eugênio (Luis Salém) – o coitado do mordomo nem teve a sua aposentadoria...

Fabio Maksymczuk  

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