Olá, internautas
Nesta sexta-feira (17/10), Vale Tudo chegou ao último
capítulo. A novela adaptada por Manuela Dias com direção artística de Paulo
Silvestrini estreou sem grande expectativa. Até mesmo, este espaço, meses antes
da estreia, já tinha previsto a perspectiva ruim. Em 20 de outubro de 2024,
publicamos: “Manuela Dias ficará responsável pelo remake de “Vale Tudo”. Outro
erro grosseiro. O autor Aguinaldo Silva deveria ter ficado com a missão. A
novela nas mãos de Manuela tende a trilhar o caminho do “politicamente correto””.
O planejamento da produção já contemplava erros básicos que
se confirmaram nesses sete meses. A crise da Globo na produção de telenovelas
ficou evidente com o desastroso último capítulo de Vale Tudo. Um dos piores desfechos
que já acompanhei em mais de três décadas.
A ideia da reconstrução da trama de Gilberto Braga,
Aguinaldo Silva e Leonor Bassères, em um país marcado pela acentuada polarização
política, já era equivocada. A autora, diante do atual panorama, fugiu do cerne
da obra oitentista. Teria sido mais ‘honesto’ uma novela com outro título, como
já aconteceu com Haja Coração, baseada em Sassaricando. Não seria uma ideia
inédita.
Uma parcela considerável do público conseguiu compreender
que a produção não era um remake, mas sim uma ‘nova versão’, do meio para o
final. Já outra parte insistiu em traçar comparações com a original de 1988. “Vale
Tudo 2025” começou mal. Cresceu do meio até o ‘assassinato’ de Odete Roitman. E
terminou de forma melancólica.
Segue o nosso tradicional balanço com os pontos positivos e
negativos.
PONTOS POSITIVOS
Debora Bloch – A atriz, de fato, conseguiu imprimir a sua
identidade à icônica vilã Odete Roitman que faz parte da primeira prateleira da
teledramaturgia nacional. A partir do maior enfoque para a família da
matriarca, Vale Tudo 2025 conseguiu ganhar corpo. Odete conquistou até torcida
de parte considerável do público, diante dos impropérios de seus familiares. Odete,
nas mãos de Debora, potencializou a imagem de mulher empoderada. Uma loba,
mesmo com as ‘falas problemáticas’.
Belize Pombal – A atriz alavancou a nova versão de Vale
Tudo. Segura e firme no vídeo ao interpretar uma mulher mais velha do que a sua
real idade. Fugiu de qualquer caricatura. Também imprimiu uma identidade única à
Consuêlo que era braço direito de Odete Roitman na TCA. A história paralela permitiu
o crescimento da nova versão. Ao lado de Aldeíde (Karine Teles), o núcleo
suburbano permitiu uma identificação com o brasileiro da classe média baixa.
Aqui a diversidade cumpriu a sua missão. De forma natural e sem discursos de militância.
O melhor do DNA de Manuela Dias permeou todo esse núcleo.
Guilherme Magon: o ator se destacou ao viver Leonardo, filho
de Odete Roitman. Em uma cadeira de rodas, Magon transparecia, pelo olhar, o
drama do herdeiro da família Roitman. Manuela Dias acertou em cheio na
construção da nova história.
Lucas Leto - o ator deu vida ao carismático Sardinha. Chamou
a atenção do primeiro ao último capítulo com uma boa atuação.
Julio Andrade (Rubinho) – excelente ator que brilhou em sua rápida participação especial nos primeiros capítulos de Vale Tudo.
PONTOS NEGATIVOS
Último capítulo: a “ressureição” de Odete Roitman foi,
pessimamente, desenvolvida. Do nada, ela desperta e segue rumo a um local
clandestino para a cirurgia de emergência. A ideia de mantê-la viva é
interessante. Porém, deveria ter sido um plano da própria vilã para escapar da prisão.
A história poderia ter arrematado o telespectador. Tê-lo surpreendido. Nada
disso aconteceu. Mal sobrou tempo para o mistério que deveria ter sido o grande
chamariz de todo o último capítulo. A autora enfiou desfechos de personagens secundários,
sem peso para a obra, como a questão da assexualidade de Poliana (Matheus
Nachtergaele) e Marieta (Cacá Ottoni) e do casamento homoafetivo de Lais (Lorena
Lima) e Cecilia (Maeve Jinkings). Claramente para reforçar o ar
da “diversidade” da produção. Tais encerramentos poderiam ter acontecido em
capítulos anteriores.
Raquel e Ivan – o casal interpretado por Tais Araújo e
Renato Goes não empolgou. O ranço com o enlace amoroso dos protagonistas se
acentuou, após a postura de ambos com Heleninha (Paolla Oliveira) que vivia o
drama da dependência alcóolica. Ivan, até mesmo, apareceu com a imagem de vilão
da história nesse momento. É válido destacar que Tais, de fato, se entregou visceralmente
à Raquel. Com intensidade. O mesmo não pode ser dito sobre o desempenho de Goes
que já não vinha com bom destaque de Família É Tudo.
Paolla Oliveira – a atriz não conseguiu imprimir o drama da dependência
alcóolica de Heleninha. Escalação equivocada. Na realidade, a personagem nas
mãos de Paolla ganhou contornos de ‘mocinha’ da história. O desfecho também
ficou aberto no último capítulo.
Desfecho da Tia Celina (Malu Galli) – uma das personagens
mais importantes da nova versão não teve um desfecho claro. Ela ficou com
Esteban (Caco Ciocler)?
Construção do novo Marco Aurélio – a autora nitidamente quis
humanizar e suavizar a imagem do corrupto Marco Aurélio, interpretado por
Alexandre Nero. Até criou a história de admiração pela menina Sarita, adotada
por sua irmã. Ganhou ares cômicos e infantil, especialmente em sua relação com o
seu assessor Freitas (Luis Lobianco).
Exclusão da dependência de jogo - do nada, a compulsão de
Vasco (Thiago Martins) pelos famigerados “joguinhos” desapareceu, por completo,
da nova versão de Vale Tudo. A TV Globo perdeu uma ótima oportunidade de
abordar um assunto que atinge milhões de brasileiros.
Eugênio (Luis Salém) – o coitado do mordomo nem teve a sua
aposentadoria...
Fabio Maksymczuk
Nenhum comentário:
Postar um comentário