Olá, internautas
Nesta segunda-feira (18/09), a TV Globo exibiu o último
capítulo de “Os Dias Assim”. A emissora chamou a produção de supersérie, mas,
na realidade, classifico como novela das onze escrita por Ângela Chaves e
Alessandra Poggi com direção geral de Carlos Araújo.
“Os Dias Eram Assim” cumpriu a sua missão ao cutucar as
cicatrizes de um período histórico que ainda permanecem vivas no tecido social
brasileiro. A votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff e a votação
da denúncia que recai em Michel Temer na Câmara dos Deputados expôs tal fato.
Por isso mesmo, foi interessante que no último capítulo, em
poucos minutos, a novela saiu de 1984 para os dias atuais. Como diz o poeta
Cazuza, “eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes
novidades”.
A seguir, segue o nosso tradicional balanço com os pontos
positivos e negativos.
PONTOS POSITIVOS
Maria Casadevall – a atriz sobressaiu na produção ao
interpretar a médica Rimena. Em grande parte da história, a atriz
transformou-se na verdadeira mocinha. O público ficou ao lado da personagem,
após a o imbróglio que envolveu Renato e Alice. Linda e talentosa.
Gabriel Leone – o ator é um dos destaques da geração de 20 e
poucos anos da TV Globo. Ele emenda uma novela à outra sempre com brilhantismo
e dedicação. Transforma os seus personagens em trabalhos únicos. Foi assim em
“Verdades Secretas”, “Velho Chico” e “Os Dias Eram Assim”. Gustavo Reis ganhou
a simpatia do telespectador. Passou mais força em comparação ao irmão Renato.
Marco Ricca – o mesmo acontece com o já experiente ator
Marco Ricca. Em nada lembrou Mão de Luva, o trabalho anterior de “Liberdade,
Liberdade”. Incorporou o delegado Amaral com veracidade. Ele abarcou
características de personagens reais na composição do “torturador” com
superação.
Julia Dalavia – mesmo com alguns trabalhos já desenvolvidos
na TV Globo, a atriz foi a grande revelação de “Os Dias Eram Assim”. Incorporou
a história paralela mais importante da produção. Ela se entregou ao drama
vivido por Nanda. Aliás, a AIDS deveria ganhar mais atenção na teledramaturgia.
Como a própria novela ressaltou: “AIDS ainda não acabou”.
Sophie Charlotte – a atriz demonstrou amadurecimento ao
protagonizar “Os Dias Eram Assim”. Isso ficou visível na passagem do tempo que
marcou Alice. De uma jovem para mãe de família. Através do olhar, Sophie
envelheceu a personagem.
Antonio Calloni – ótimo trabalho do ator que representou a
influência do empresariado no Regime Cívico-Militar do Brasil entre 1964-1985.
Viveu com intensidade a ideologia de Arnaldo Sampaio.
Natália do Vale – há muitos anos, a atriz não brilhava em
uma novela. Conquistou a atenção do público ao viver a “dona de casa”
Kiki.
Trilha sonora – ótima trilha sonora que embalou “Os Dias
Eram Assim”. Quando surge Marina, os telespectadores são tragados imediatamente
aos anos 80. Deus lhe pague, TV Globo, ao brindar os ouvidos do público com
Elis Regina.
PONTOS NEGATIVOS
Renato Góes – o ator encarou o personagem mais problemático
da história. As autoras tiveram até dificuldade em desatar o nó com a
ressureição de Renato para Alice. Naquele momento, grande parte do público
ficou ao lado de Rimena. Além disso, a própria postura do ator enfraqueceu
demais o personagem. Em diversos momentos, o ator balbuciava as falas do
médico. Já em outros, sequer dava para ouvi-lo. Falava para dentro. O resultado
ficou aquém no vídeo. Por outro lado, o ator ganhava enorme força ao
contracenar com Maria Casavedall. Os olhos do ator até brilhavam. Falava para
fora. Sem medo. Essa postura poderia ter sido adotada durante toda a novela.
Outro adendo: ele deveria se preocupar menos em controlar o sotaque
pernambucano. Daniel de Oliveira (Vitor), por exemplo, traz a “mineirice” e nem
por isso cria ruído no vídeo.
Excesso de capítulos – a terceira fase de “Os Dias Eram
Assim” poderia ter sido encurtada em oito capítulos, no mínimo. Ficou longa
demais. Alice foi sequestrada por Vitor.
Alice foi sequestrada por Vitor (2). Alice foi sequestrada por Vitor
(3). Sobrou rebarba.
Homossexualidade – a temática ficou camuflada em “Os Dias
Eram Assim”. História mal desenvolvida e desnecessária no conjunto da obra.
Leon (Mauricio Destri) e Rudá (Konstantinos Sarris) sobraram no enredo.
Nando Rodrigues – o ator foi tratado como figurante de luxo
durante toda a novela. Que desperdício! No último capítulo, Madame Kiki sequer
chegou ao final feliz com Hugo. Nando merece mais respeito.
Fabio Maksymczuk
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