Na última semana, fui ao Shopping Pátio Higienópolis e
assisti “Bingo – O Rei das Manhãs”. Sala lotada. O filme, dirigido por Daniel
Rezende, traz os bastidores do megassucesso Bozo pelo SBT nos idos anos 80.
Mais uma vez, a década ganha revival. O período é muito mais valorizado nos
dias de hoje em comparação com o ambiente vivido lá no passado que já foi o meu
presente. Muitos indagavam (com ares de preocupação) sobre o que o futuro (hoje
presente) falaria sobre os anos 80. Resposta: Virou cult.
Vladimir Brichta ganha um marco em sua carreira artística. O
ator interpreta Augusto Mendes, ou melhor, Arlindo Barreto que deu vida ao
querido Bozo, um dos maiores sucessos da história da TV brasileira. Uma das
minhas primeiras lembranças recai justamente no programa infantil da emissora
de Silvio Santos. Eu lembro da estreia do Chaves dentro do Bozo. Isso em 1984!
E Arlindo Barreto anunciou tal novidade a nós, telespectadores mirins. Eu
adorei logo de cara.
Portanto, tenho uma relação afetiva com o Bozo, em especial
da época do Arlindo Barreto. Já em 1986, eu fiquei profundamente irritado com a
troca do ator que interpretava o palhaço. E a resposta do motivo para tal
mudança drástica pode ser vista no filme que está em cartaz nos cinemas. O Bozo
do Arlindo Barreto era divertido e carismático. Já o do Luis Ricardo, por
exemplo, era um chatonildo forçado sem graça alguma. Memória de uma criança de
sete anos. Rs...
Eu acompanhei as dificuldades atuais do Arlindo em
reportagens exibidas, principalmente, na Record TV. Porém, desconhecia alguns
fatos do artista. Não sabia que a mãe dele, Marcia de Windsor, já era famosa na
TV. E muito menos que antes da fase do
SBT, ele era ator de pornochanchadas e tentou alcançar sucesso nas novelas da
TV Globo.
Aliás, esse é um dos melhores momentos do filme. “Bingo – O
Rei das Manhãs” troca os nomes. No longa-metragem, os diretores da tal “Rede
Mundial” gabam-se que ali é a única emissora de televisão “verdadeira” do
Brasil. Infelizmente, esse pensamento ainda permanece na mente de, até mesmo,
jornalistas especializados em TV. Já a TVP é a concorrente que dá a chance de
Barreto brilhar e conquistar a liderança frente a uma “loira” bonitona da Rede
Mundial. Essa tal loira também tinha a minha
total rejeição na época....
“Bingo – O Rei das Manhãs” traz os bastidores daquele
fenômeno de audiência. Uma diretora evangélica (chamávamos de crente naquele
período), interpretada magistralmente por Leandra Leal, convivia com um
apresentador viciado em cocaína, sexo e
álcool. Nós, crianças, sequer
imaginávamos o que, de fato, acontecia por trás das câmeras. Nem os pais. A
informação não circulava como nos dias de hoje.
Na realidade, diversos profissionais, que alcançaram o sucesso de uma
hora para outra nos anos 80, não suportaram tal pressão. E extravasaram pelo
tortuoso caminho. O diretor soube conduzir os momentos finais com a redenção do
ator. Sem criar um ar de planfetaria religiosa de uma corrente evangélica.
"Bingo – O Rei das Manhãs" é um retrato de Arlindo
Barreto e, sobretudo, de um dos maiores marcos da televisão brasileira (como
apresentado no filme, um produto importado com a ginga tupiniquim). Recomendo!
Assistam.
Fabio Maksymczuk
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