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quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Bastidor tenso do Bozo ganha luz com "Bingo - O Rei das Manhãs"


Na última semana, fui ao Shopping Pátio Higienópolis e assisti “Bingo – O Rei das Manhãs”. Sala lotada. O filme, dirigido por Daniel Rezende, traz os bastidores do megassucesso Bozo pelo SBT nos idos anos 80. Mais uma vez, a década ganha revival. O período é muito mais valorizado nos dias de hoje em comparação com o ambiente vivido lá no passado que já foi o meu presente. Muitos indagavam (com ares de preocupação) sobre o que o futuro (hoje presente) falaria sobre os anos 80. Resposta: Virou cult.

Vladimir Brichta ganha um marco em sua carreira artística. O ator interpreta Augusto Mendes, ou melhor, Arlindo Barreto que deu vida ao querido Bozo, um dos maiores sucessos da história da TV brasileira. Uma das minhas primeiras lembranças recai justamente no programa infantil da emissora de Silvio Santos. Eu lembro da estreia do Chaves dentro do Bozo. Isso em 1984! E Arlindo Barreto anunciou tal novidade a nós, telespectadores mirins. Eu adorei logo de cara.

Portanto, tenho uma relação afetiva com o Bozo, em especial da época do Arlindo Barreto. Já em 1986, eu fiquei profundamente irritado com a troca do ator que interpretava o palhaço. E a resposta do motivo para tal mudança drástica pode ser vista no filme que está em cartaz nos cinemas. O Bozo do Arlindo Barreto era divertido e carismático. Já o do Luis Ricardo, por exemplo, era um chatonildo forçado sem graça alguma. Memória de uma criança de sete anos. Rs...

Eu acompanhei as dificuldades atuais do Arlindo em reportagens exibidas, principalmente, na Record TV. Porém, desconhecia alguns fatos do artista. Não sabia que a mãe dele, Marcia de Windsor, já era famosa na TV.  E muito menos que antes da fase do SBT, ele era ator de pornochanchadas e tentou alcançar sucesso nas novelas da TV Globo.

Aliás, esse é um dos melhores momentos do filme. “Bingo – O Rei das Manhãs” troca os nomes. No longa-metragem, os diretores da tal “Rede Mundial” gabam-se que ali é a única emissora de televisão “verdadeira” do Brasil. Infelizmente, esse pensamento ainda permanece na mente de, até mesmo, jornalistas especializados em TV. Já a TVP é a concorrente que dá a chance de Barreto brilhar e conquistar a liderança frente a uma “loira” bonitona da Rede Mundial.  Essa tal loira também tinha a minha total rejeição na época....

“Bingo – O Rei das Manhãs” traz os bastidores daquele fenômeno de audiência. Uma diretora evangélica (chamávamos de crente naquele período), interpretada magistralmente por Leandra Leal, convivia com um apresentador viciado em cocaína,  sexo e álcool.  Nós, crianças, sequer imaginávamos o que, de fato, acontecia por trás das câmeras. Nem os pais. A informação não circulava como nos dias de hoje.  Na realidade, diversos profissionais, que alcançaram o sucesso de uma hora para outra nos anos 80, não suportaram tal pressão. E extravasaram pelo tortuoso caminho. O diretor soube conduzir os momentos finais com a redenção do ator. Sem criar um ar de planfetaria religiosa de uma corrente evangélica.

"Bingo – O Rei das Manhãs" é um retrato de Arlindo Barreto e, sobretudo, de um dos maiores marcos da televisão brasileira (como apresentado no filme, um produto importado com a ginga tupiniquim). Recomendo! Assistam.


Fabio Maksymczuk

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