Olá, internautas
Nesta sexta-feira (11/05), “O Outro Lado do Paraíso” chegou
ao fim. Walcyr Carrasco cumpriu a missão de expandir os índices de audiência recuperados
pela antecessora “A Força do Querer”. Apesar disso, o autor, responsável por
ótimas novelas nos últimos 20 anos, abusou dos clichês nesta produção. O
resultado final ficou abaixo da expectativa. A trama terminou como uma novela
pobre, principalmente em relação ao texto, o que acarretou um ar artificial no
conjunto da obra. Segue o nosso tradicional balanço final com os pontos
positivos e negativos.
PONTOS POSITIVOS
Bianca Bin (Clara): a atriz sobressaiu em “O Outro Lado do
Paraíso” ao viver a mocinha vingadora Clara. O telespectador ficou ao lado da
heroína. Bianca, que já vinha de um ótimo retrospecto na faixa das seis,
cumpriu a missão de protagonizar a novela das nove.
Marieta Severo: Sophia entrou para a galeria de vilãs
inesquecíveis da teledramaturgia brasileira com a marca de “megera das
tesouradas”. A atriz compreendeu o espírito da personagem, a aura da novela
como um todo e se encaixou dentro do estilo da produção.
Gloria Pires (Beth): na primeira parte da novela, a atriz
segurou a novela com o drama de Elizabeth. O ápice da personagem ocorreu na
descoberta de sua filha Adriana, já adulta, em pleno julgamento no tribunal. A
então ré, na realidade, era sua mãe, dada como morta, após as tramoias de Natanael
(Juca de Oliveira). É verdade que Beth perdeu o rumo com a abordagem do
alcoolismo nesta reta final. Porém, no balanço geral, o resultado é positivo.
Thiago Fragoso: o ator roubou a cena ao viver o advogado
Patrick. Ele, literalmente, roubou o espaço e ofuscou a “reviravolta” de Gael.
O ator já tinha se destacado em “Amor à Vida”, também de Walcyr Carrasco, e
retornou a brilhar agora em “O Outro Lado do Paraíso”.
Caio Paduan e Erika Januza: os atores formaram um dos principais
casais da novela. Conquistaram o carinho do telespectador ao interpretarem
Bruno e Raquel. Os dois aproveitaram a oportunidade. Além disso, Carrasco
conseguiu colocar o racismo em debate, através da personagem que começou como uma
doméstica e se transformou em uma juíza.
Pedofilia: o autor trouxe uma série de temas sociais na
trama de “O Outro Lado do Paraíso”. A pedofilia ganhou um bom espaço de
discussão, através do delegado Vinicius, interpretado por Flavio Tolezani, e
Laura, vivida por Bella Piero. Apesar de críticas recebidas pelo coach, o resultado
foi positivo.
Fernanda Rodrigues: a atriz surpreendeu o telespectador ao
interpretar a vilã Fabiana. Fernanda, que cresceu no vídeo com semblante de boa
moça em outras produções, demonstrou versatilidade. Momento de virada em sua
trajetória televisiva.
Anderson Tomazini: a maior revelação de “O Outro Lado do
Paraíso”. O ator aproveitou a oportunidade com Xodó, personagem que ganhou
repercussão junto ao público e galgou mais espaço dentro da trama.
PONTOS NEGATIVOS
Jogral: o texto da novela “O Outro Lado do Paraíso”
apresentou, em grande parte da obra, pobres diálogos entre os personagens. Há uma
diferença entre simples e pobre. O ar de jogral “berrou” no vídeo. As falas
rápidas e sucintas fortaleceram a impressão. 10 segundos de fala, no máximo, foram
uma constante.
Direção: Mauro Mendonça Filho e equipe, nos primeiros
capítulos, adotaram um estilo de “cinema argentino”, o que provocou estranhamento
no telespectador. Depois, transplantaram o mesmíssimo padrão de “Verdades
Secretas” em “O Outro Lado do Paraíso”. O mesmo filtro escuro na imagem, a
mesma fotografia e a mesma iluminação surgem como evidências de tal estratégia.
Gael (Sergio Guizé): o personagem mais perdido em “O Outro
Lado do Paraíso”. Ficou solto e totalmente dispensável no roteiro. Conquistou
ampla rejeição, após a violência contra Clara, logo nos primeiros capítulos. O
autor tentou levantar Gael com uma redenção espiritual, mas o telespectador não
engoliu a história.
Final de Renato (Rafael Cardoso): um dos maiores furos de “O
Outro Lado do Paraíso”. Após ter sido baleado por Patrick durante o sequestro
de Tomaz (Vitor Figueiredo), o que aconteceu com o médico? O telespectador ficou
sem resposta. Além disso, a virada do personagem no capítulo 100 ficou forçada.
Grazi Massafera (Livia): a atriz passou despercebida em “O
Outro Lado do Paraíso”. Interpretou uma personagem “água com salsicha” que
acrescentou muito pouco na novela.
Núcleo de Samuel (Eriberto Leão): a abordagem da
homossexualidade não foi bem trabalhada em “O Outro Lado do Paraíso”. A
história caricata do psiquiatra Samuel foi um passo para trás no combate ao
preconceito pela teledramaturgia. Inicialmente, o personagem gostava de usar calcinhas
da sua esposa Suzy (Ellen Rocche). Depois, tal “fantasia” desapareceu. O drama
de Samuel cedeu espaço para a comédia pastelão ao lado de Cido (Rafael Zulu) e
Adinéia (Ana Lucia Torre). A mudança radical ficou forçada no vídeo.
Nanismo: trazer a temática para a teledramaturgia é sempre benéfico.
Porém, também não foi bem trabalhada em “O Outro Lado do Paraíso”. O ar
artificial “gritou” no vídeo com o triângulo amoroso entre Estela (Juliana
Caldas), Juvenal (Anderson di Rizzi) e Amaro (Pedro Carvalho). Até mesmo,
Juvenal, de uma hora para outra, deixou de amar Estela para cair nos braços de
uma “quenga”. Núcleo mal desenvolvido.
Barbara Paz (Jô): a atriz funcionou, basicamente, como uma
figurante de luxo. Barbara merece melhores trabalhos.
Clichês: os clichês sempre funcionam. E isso é percebido nos
índices de audiência da novela de Walcyr Carrasco. Porém, ocorreu um abuso de
tal procedimento. Personagem que ficou cego, outra que ficou entre a vida e
morte por problemas renais, alcoolismo, outra que ficou com boca torta após AVC,
cabeleireiros homossexuais, ganância pelas esmeraldas, vingança, “casa da luz
vermelha”, “quengas” que querem casar e mudar de vida, julgamento no tribunal, moça momentaneamente paraplégica, sensitiva que ouve vozes do além....
Fabio Maksymczuk
Novelinha podre, como a grande maioria das novelas desse autor, o mais superestimado da Globo.
ResponderExcluirEu admiro o Walcyr Carrasco, mas não gostei de O Outro Lado do Paraíso... Abs
ExcluirA novela dividiu opiniões e o Walcyr Carrasco não gostou das críticas à sua obra, mas não foi aquele novelão, aliás desde Avenida Brasil tivemos novelas mais ou menos exceção de A Força do Querer e novelas pra serem esquecidas na faixa das 21 horas como Babilônia e A Lei do Amor. Vamos ver como Segundo Sol se sairá na faixa pois vem aí eventos importantes como Copa do Mundo e eleição e vamos ver se esses eventos vão interferir na audiência.
ResponderExcluirComentarei sobre Segundo Sol nesta semana aqui no blog. Abs
ExcluirO texto ei problema Wally e ta seus horas mesmo
ResponderExcluirEu admiro o Walcyr Carrasco, mas não gostei de O Outro Lado do Paraíso... Abs
Excluirwalcyr é muito criativo, mas realmente abusa de soluções oportunistas para audiência. adoro a bianca bin e ela realmente estava ótima. fernanda estava ótima, q personagem insuportável. muito bem tb qd fica chocada com os excessos no sequestro mas a ambição fala mais alto. lindo o menino que faz o xodó. achei uma surpresa o outro garimpeiro que ajudou sophia no final e o ator q faz o rato. realmente o texto dava vergonha alheia algumas vezes. os textos da sophia então. sofríveis. realmente a redenção do personagem do gael foi muito artificial. o final mais ainda. me incomodou demais a psicologia não ser o cerne das mudanças dos personagens. ou era a curandeira ou coach equivocado. isso pq tinham muitos médicos, samuel era psiquiatra, muita gente que poderia orientar para tratamentos sérios, mas ninguém ia. mesmo a pobre da beth. sofrendo de abstinência e ninguém procurava um médico, aconselhando. deixavam ela sofrendo sozinha e correndo risco de vida com as loucuras pra conseguir alcool. realmente, cadê o renato? hhahahahahahaha eu gostei da complexidade da personagem da grazi. ela pirou quando descobriu que não podia ter filhos e fez aquele monte de bobagem. eu gostava q ela não fosse linear. estela era muito, mas muito chata. estudou tanto e foi fazer caridade. mesmo sendo economicamente dependente. achei um desserviço transformar a prostituição como a melhor profissão da novela. as donas enricavam. faziam trabalho escravo segurando as moças com dívidas. as moças só tinham clientes lindos e endinheirados que queria casar. glamourização de uma profissão tão precária. beijos, pedrita
ResponderExcluirO último capítulo foi arrastado... Bjs
ExcluirOlá Fábio, tudo bem? Vi tanto comentário surreal na internet, que fiquei pensando como explicar o sucesso de uma novela que foi avaliada como péssima por vários telespectadores? Isentando os críticos, que lançam outro olhar sobre a obra, observo que parte do público parece gostar de sofrer em frente à TV, porque justamente quem critica mais, são aqueles que viram capítulo por capítulo. Se uma novela não é do meu agrado, por que vou perder meu tempo assistindo algo que me incomoda? Acho que houve novelas beeeem piores e não classifico “O Outro Lado do Paraíso” como tal. A novela pode não ter sido um primor e não ter o texto ideal, dito por muitos, mas para mim foi uma novela eficiente e que soube seduzir o telespectador. Guardadas as devidas proporções, vale lembrar que “Pega Pega” teve um quadro parecido: texto bastante discutível, mas bem assistida.
ResponderExcluirParticularmente, eu gostei bastante da novela e disfrutei de cada capítulo. Não foi uma história monótona e mesmo que Walcyr tenha usado e abusado dos clichês, funcionaram muito bem em vários momentos. Cada capítulo sempre acabava no ponto mais alto. Quase infartei várias vezes rsrsrssrs. Houve derrapadas na trama? Sim, mas acho que o público precisa relaxar um pouco mais. Novela sem clichê não é novela, fazer o simples e o óbvio despertar interesse no telespectador é difícil. Por isso, a tentativa de vários autores em “rebuscar” tanto a trama acaba resultando em grandes fracassos e exatamente este público, que tanto quer histórias inovadoras, geralmente é o primeiro a rejeitá-las.
“O Outro Lado do Paraíso” teve uma pegada melodramática durante toda sua transmissão e talvez isso, tenha incomodado a várias pessoas, pois nossas novelas não são mais assim. Ouso dizer, que esta novela venderá como água na América Latina. É aguardar pra ver. Abraços e ótima semana!
Como ressaltei no post, não foi apenas o texto, mas também a direção.... O ar artificial "gritou" no vídeo....E olha que sou telespectador de produções mais tradicionais.... Abs
ExcluirA novela me
ResponderExcluirPareceu uma adaptação brasileira de teve ha junto com os elementos clássicos das novelas do carrasco...personagens engraçadinhos e de bordões. .etc..so texto declamado sw alguns personagens e chato..o melhor núcleo que escapou disso foram os garimpeiros e as quengas ..tipo eo bicleo da fazendo que salva em toda novela dele...acho que ela funciona melhor as seis horas mesmo em produções de época aonde a fala não sei teatral
Foi uma novela das nove. Não teria espaço na faixa das 18 horas.. Abs
ExcluirEu não vi a novela mas vejo Bárbara Paz como antipática e pretensiosa assim como Massafera como a forçada simplinha, nas entrevistas e aparições. Os bonitões da Globo ficarão?
ResponderExcluirConheço pessoalmente a Bárbara e a Grazi. Elas são muito simpáticas. Bjs
Excluirprefiro o walcry escrevendo novelas das seis pelo que acompanhei esta novela foi muito criticada por sinal..... abraços
ResponderExcluirAmor à Vida foi uma ótima novela... Abs
ExcluirAcompanhei a novela, não gostei dos episódios de violência, já temos de sobra todos os dias em todo o Brasil, com tantos temas a explorar, algo que venha a acrescentar no nosso dia a dia, vem um incitamento a violência...Que tal falar das belezas do Brasil?
ResponderExcluirA teledramaturgia deve tocar nas feridas da sociedade brasileira... Bjs
ExcluirFoi a única novela que eu não assisti nem o último capítulo. Não consegui... e eu achei que amaria a trama pelas chamadas. Amém que terminou, rs. Abraços!
ResponderExcluirwww.portalcomentatv.com
Nossa... Abs
ExcluirOlá Fábio ! Voltei hoje . Meu computador pifou e foi prá conserto > Mas , vc citou muito rapidamente a personagem Laura , do caso de pedofilia . A meu ver , péssima . Sabe, cansou aquelas cenas de chorumelas . E o marido , dócil demais . Difícil marido aguentar uma mulherzinha daquelas . A novela até que começou bem , mas em determinado ponto degringolou . Não quis ver nem o final . Muita enrolação . Ainda bem que acabou . Abraços .
ResponderExcluirÉ importante abordar temas sociais. Bjs
ExcluirA questão do nanismo tb não foi bem trabalhada . Uma confusão só . Uma hora vai casar com o portuga . Desiste . Portuga some . Volta , fica cego . estela vira professora . Por fim se casa com o portuga . Quanta bobeira !
ResponderExcluirFicou estranho.. Bjs
Excluirpercebia esta novela foi muito criticada tanto pelo publico como pela impressa !
ResponderExcluirMas foi bem no IBOPE. Abs
ExcluirCido, personagem interpretado por Rafael Zulu, é um personagem heteronormativo, negro de baixa posição social que se relaciona com o médico do hospital, Samuel, trabalhando como motorista particular do mesmo.
ResponderExcluirA trama ganha teor problemático em vários momentos, pois Cido têm o médico como seu amante e vai adquirindo bens pessoais com este relacionamento, inclusive o anel de noivado da mulher que traía no início da trama. Então Samuel o convida para conviver em sua casa, onde Cido e Samuel têm de enfrentar a aceitação da sogra que acaba ganhando tom humorístico durante a trama.
E como já sabemos, o processo de aceitação do médico vai se desenhando e este se assume para sua mãe que não aceita sua sexualidade, porém passa a empurrar isto com a barriga e o personagem Cido vai morar na casa de Samuel.
Em vários momentos o personagem de Samuel se sobrepõe ao de Cido, demonstrando melhor capacitado economicamente e intelectualmente. O personagem de Cido é construído em cima do padrão bem utilizado a tempos pela mídia televisiva em novelas, “o negão’’ que tem sua masculinidade bem destacada durante o enredo, fala mal e errado, e sempre é o aproveitador e violento, que necessita de um personagem branco para ascender ou ter plena consciência na importância da virada de sua vida.
O enredo toma uma proporção de forma que o médico vai assediando Cido com vários ganhos materiais e isso o faz continuar o relacionamento, ambos se traem com mulheres na trama, porém vão prosseguindo a relação. A mãe tenta realizar uma “cura gay’’ com seu filho e logo convence outra funcionária do hospital a seduzir seu filho novamente e esta relação por trás dos panos acaba gerando um filho.
E, por fim, Cido começa a refletir se faz realmente parte da família após o nascimento do filho, até que é traído, e se retira da casa. A cena de pico do cúmulo é a do médico chegando ao posto de gasolina onde o personagem trabalha, após ter consciência de que realmente é gay e convidando Cido para morar em sua casa. Numa cena de total relação senhor e senhoriado velada.
Cido volta a morar na casa e sua sogra diz que até pode lhe aceitar, mas para isso ele, negro, terá de fazer tudo que ela branca quiser, e isso inclui tudo mesmo. O personagem começa a realizar tarefas de casa e a fazer café e almoço da família para agradar a sogra e para que isso ajude ela a aceitar a relação, e novamente é colocado em submissão e escanteio quando seu companheiro Samuel reclama da forma como ele faz as tarefas de casa e novamente o trai.
Enfim…
Bicha preta submissa e serviçal, vivendo um relacionamento abusivo que vêm sendo fortemente romantizado pela mídia e colocado como exemplo de representatividade na televisão brasileira.
Para mim tudo isso não passa de uma brincadeira de filho de sinhá com filho de mucama, onde a bicha branca faz o que bem entende com o relacionamento e com seu parceiro negro e, por fim, sairá como salvadora do seu negro de estimação, como em todo enredo.
Não vejo representatividade. E temos que nos atentar a este jogo feito pela mídia. Pois estas produções acabam por naturalizar questões abusivas como racismo velado e estereótipos relacionados ao corpo negro.
E com isso, esta massa que repudia e esta massa que sente-se desconstruída e quebradora de padrões acaba por reproduzir racismo em cima de homofobia sem a menor reflexão sobre, pois, claro, o negro na televisão não vêm sendo pensado. E duvido muito que acabaremos com as opressões sociais mostrando retratos convenientes de grupos sociais.
Texto de Gabriel Sanpêra