Olá, internautas
A TV brasileira se mobilizou para a cobertura das eleições
norte-americanas deste ano. Desde antes das eleições municipais realizadas no
Brasil, a mídia cedeu grande espaço nos noticiários para o embate entre Biden e
Trump e, posteriormente, Trump e Kamala. Até mesmo, a disputa de prefeitos e
vereadores ficou em segundo plano durante um grande período.
Nesta madrugada de terça (05/11) para quarta-feira (06/11),
o Grupo Globo adotou uma programação sui generis. TV Globo e GloboNews somaram
esforços e exibiram, ao mesmo tempo, a programação dedicada ao pleito
presidencial estadunidense. A jornalista Renata Lo Prete liderou a transmissão.
Marcelo Lins, Andréia Sadi, Guga Chacra e Jorge Pontual integravam a equipe.
A apuração foi mais ágil que o previsto. Donald Trump
retorna à Casa Branca, após uma vitória contundente sobre a democrata. Mesmo
com os bons índices econômicos, a cobertura insistiu que a vitória do
republicano se deve, principalmente, à inflação. A sensação pesou mais em
relação aos números frios das estatísticas, de acordo com os jornalistas da
Globo.
A cobertura deveria ter analisado, também, o perfil da
votação trumpista nas urnas. Pelo mapa eleitoral, ficou clara a distinção entre
as grandes cidades e a zona rural onde o presidente eleito obteve grande parte
dos mais de 70 milhões de votos. Os valores conservadores e cristãos da América
profunda pesaram contra Kamala, vista como “esquerdista” e “socialista” por
esse eleitorado.
Sandra Coutinho se destacou em um depoimento pessoal sobre
uma moradora do Nebraska, um dos estados que elegeram Trump. A jornalista
revelou o modo de vida desta norte-americana que mora em meio ao nada. Sem
opções de lazer. Sozinha. “Abandonada” pelo governo central. Esse sentimento de
solidão é a tônica do bom filme Nebraska. É o retrato dos grotões dos Estados
Unidos que raramente é exposto nos cinemas e coberturas jornalísticas. Trump
sabe canalizar tal sentimento e se comunicar com esse eleitor. A cobertura da TV
Globo deveria ter ampliado essa visão.
Durante toda a cobertura, os jornalistas da GloboNews também
menosprezaram os efeitos da imigração ilegal que é, de fato, um ingrediente que
remexe a sociedade norte-americana. Os índices de violência também deveriam ter
entrado nas análises. Recentemente, um jogador de futebol americano reclamou da
vinda a São Paulo para um jogo da NFL no Itaquerão por conta da insegurança que
acomete a capital paulista. Eis que a mídia descobre que os índices de
violência na cidade são inferiores a muitas dos EUA. Portanto, o discurso de
Trump ecoa com alguma base da realidade.
Na cobertura conjunta, Guga Chacra deveria ter conquistado
mais espaço. Ficou como coadjuvante na cobertura. Ótimo jornalista que conhece
a política norte-americana. Já Raquel Krähenbühl se destacou na reportagem. A
jornalista frisou que a campanha de Trump barrou a entrada de diversos repórteres
estrangeiros e locais na festa da vitória do presidente na Flórida. Ela obteve
a permissão e ainda entrevistou com desenvoltura um dos porta-vozes do
republicano.
No final da cobertura, um fato inusitado aconteceu. Lo Prete
entregou a programação diretamente para Roberto Kovalick do “Hora 1”. A
apresentadora do “Jornal da Globo” até comemorou o fato já previsto por muitos
telespectadores diante da entrada, cada vez mais tardia, da apresentadora na
madrugada da Globo, especialmente nos tempos de BBB.
Fabio Maksymczuk
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