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quinta-feira, 10 de julho de 2025

Televisão aparece em filme "Homem com H"

 

Olá, internautas

Nesta semana, fui ao Cine REAG Belas Artes e assisti Homem com H. O filme dirigido por Esmir Filho é uma cinebiografia de Ney Matogrosso. Da infância aos dias atuais. Em duas horas, o roteiro retrata diversas décadas do artista. Tarefa árdua.

A linha mestra, basicamente, é a relação conflituosa entre Ney e seu pai. Jesuita Barbosa, um dos principais atores da nova geração do cinema brasileiro, encarna o protagonista. Boa escalação.

O ator cresce com o desenvolvimento da história retratada. “Homem com H” reverencia um dos nossos principais artistas. Na realidade, toda a sua trajetória poderia ser contada em uma série. Muitas narrativas. Cazuza, Forças Armadas, a relação com o marido Marco de Maria, cenas de “amor intenso” e epidemia da AIDS ganham espaço no longa.

Dentro do nosso universo, o impacto de Ney Matogrosso aparece na televisão. Em suas inúmeras entrevistas, o artista sempre ressalta a enorme repercussão de seu videoclipe com o grupo Secos & Molhados exibido no “Fantástico” em 1973. Ele lamenta que tal momento foi apagado nos arquivos em um incêndio que acometeu a TV Globo anos mais tarde.

No filme, aparece a gravação do clipe, mas não há citação clara do “Show da Vida”. Em outro momento, o jovem Ney foi repreendido por um diretor que o orientou a não olhar para a câmera. O cantor tentou argumentar que olhava para o telespectador. Nesse bloco, a voz de Sergio Chapelin ecoou, provavelmente em uma edição do “Globo Repórter” que indagava o surgimento dos andróginos representado por Matogrosso. 

“Homem com H” é uma justa homenagem a Ney Matogrosso. Continuamos a valorizar o cinema brasileiro.

Fabio Maksymczuk

segunda-feira, 7 de julho de 2025

"Guerreiros do Sol" mostra força em capítulo de estreia

 

Olá, internautas

Na última quarta-feira (02/07), a TV Globo exibiu o primeiro capítulo de “Guerreiros do Sol” no Espiadinha Globoplay. A novela escrita por George Moura e Sergio Goldenberg, com direção de João Gomez e Thomaz Cividanes, sob a direção geral e artística de Rogério Gomes, já está sendo veiculada no Globoplay Novelas, o antigo canal VIVA.

A trama demonstrou sua força no episódio de estreia. A produção, ambientada no sertão nordestino das décadas de 1920 e 1930, gira em torno do romance entre Rosa (Isadora Cruz) e Josué (Thomás Aquino). O clima do cangaço marca a produção. A trama inicia com cenas de forte intensidade. A morte de Idálio Bandeira (Daniel de Oliveira), pelas mãos de Rosa, dá o pontapé para a história retratada em 45 capítulos.

O primeiro capítulo, exibido pela TV Globo, envolve o telespectador com boa direção, boas atuações e bom texto. Três bases fundamentais para o êxito de uma telenovela. Passou, muito bem, o cartão de visita para o público.

Acompanho a produção no VIVA e tais características continuam no desenvolvimento da novela. Thomás Aquino, que vive o protagonista Josué, se destaca no ótimo elenco composto por nomes conhecidos, como Isadora Cruz, Alinne Moraes, Alice Carvalho, Nathalia Dill, Irandhir Santos e José de Abreu.

Segundo informações veiculadas pela imprensa especializada, “Guerreiros do Sol” ganhará ainda janela na TV Globo. Na realidade, poderia ser exibida neste segundo semestre na faixa que será ocupada pelo reality insosso “Estrela da Casa”.

“Guerreiros do Sol” é um verdadeiro oásis diante das produções recentes de teledramaturgia do canal.

Fabio Maksymczuk

sexta-feira, 4 de julho de 2025

"Força de Mulher" alavanca Record com nova perspectiva

 

Olá, internautas

Nesta sexta-feira (04/07), “Força de Mulher” chegou ao fim na Record. A novela turca, baseada no drama japonês Womam, com roteiro de Hande Altaylı e direção de Merve Girgin e Nadim Güç, capturou a atenção do telespectador em seus 243 capítulos.

“Força de Mulher” abriu um novo horizonte para a emissora da Barra Funda. A produção dobrou a audiência do canal na faixa nobre. Oxigenou a imagem do canal com uma novela contemporânea. “Força de Mulher” demonstra a força da teledramaturgia da Turquia. Ótimos atores, ótima direção e ótimo texto. O sucesso da produção abriu a perspectiva de trazer outras obras turcas na programação recordiana.  

Diante do sucesso, a Record conseguiu entrevistar Özge Özpirinçci (Bahar Çeşmeli), Caner Cindoruk (Sarp), Bennu Yıldırımlar (Hatice), Feyyaz Duman (Arif) e Kübra Süzgün (Nisan) no “Domingo Espetacular”. Eles frisaram a repercussão positiva da novela em suas redes sociais, especialmente no Instagram. Ocorreu uma invasão brasileira nas postagens.

“Força de Mulher” trouxe um texto delicado com diálogos bem construídos. Ao mesmo tempo, cenas de tensão permearam a obra, especialmente na segunda temporada e transição para a terceira fase.   

A seguir, o nosso tradicional balanço com os pontos positivos e negativos.

PONTOS POSITIVOS

Bahar (Özge Özpirinçci): personagem muito bem construída. De fato, uma verdadeira protagonista que contou com a torcida do público. Nestes mais de 240 capítulos, sofreu. Chorou. Mostrou a força da mulher para criar os filhos em um ambiente sem recursos financeiros, mas repleto de amor. A atriz transmitiu os desafios da heroína através do olhar.  Linguagem universal. O monólogo de Bahar, após a morte de Sarp no hospital, demonstrou a potência e a intensidade da atriz em cena. Maravilhosa.

Sarp (Caner Cindoruk): o retorno de Sarp à sua família alavancou a novela. Ótimo ator que também transmitiu toda a angústia do pai de Doruk e Nisan, através do olhar e linguagem corporal. A cena no cemitério, quando cavou as “pretensas” covas de Bahar e seus filhos, é uma das mais fortes que já assisti em uma novela.  

Sirin (Seray Kaya): vilã que irritou e provocou repulsa no público, mas, ao mesmo tempo, envolveu com a sua humanidade e fraquezas. Ótima. Uma verdadeira antagonista.

Ceyda (Gökçe Eyüboğlu): a personagem que trazia um ar mais leve e descontraído à produção. Na reta final, formou um querido casal com Raif (Sinan Helvacı) que trouxe o olhar de uma pessoa com deficiência.

Arif (Feyyaz Duma): personagem mais difícil para a interpretação. Mocinho tímido que transmitia pelo olhar os seus pensamentos. Cativou o público. Missão cumprida.

Enver (Şerif Erol): personagem íntegro que sempre buscou o bem comum. Homem de valores que foi responsável direto até pela prisão de sua própria filha. Ético. Irrepreensível.

Doruk (Ali Semi Sefil): o mais querido da novela. Fofo ao extremo. No calor, adora sorvete. No inverno, fica com algodão doce.

Arda (Kerem Yozgatli): a novela trouxe o autismo através do filho de Ceyda. Muito emocionante o final do menino que conseguiu falar “mamãe e “avó” no último capítulo. História bem trabalhada com delicadeza.

PONTOS NEGATIVOS

Assassinato do Sarp: o público já tinha ficado machucado com a morte de Yeliz (Ayça Erturan). Eis que alguns capítulos para frente, Sarp morreu assassinado pelas mãos de Sirin. Exatamente em um período em que ele tinha finalmente encontrado a felicidade após conviver com a esposa e filhos que achava estarem mortos. Diante do triste desfecho, a novela até refluiu nos índices de audiência. Retomou o fôlego nas últimas semanas.

Jale: nas temporadas iniciais, uma atriz interpretou a médica. Na terceira, outra atriz entrou na produção e começou a viver a personagem. Ou será que fez cirurgia plástica? Mesmo com a troca, a personagem desapareceu da história. Estranhíssimo.

Dublagem: alguns dubladores falavam os nomes dos personagens em turco com diferente pronúncia. “Arîf” era “Hárif” na boca de outro. “Raîf” era “Rháif” para outro. Não ocorreu uma harmonização.  

Fabio Maksymczuk

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Encontro de Leda Nagle e Cissa Guimarães marca celebração de 40 anos do "Sem Censura"

 

Olá, internautas

Nesta terça-feira (01/07), “Sem Censura” festejou 40 anos na TV Brasil. A edição ficou marcada pelo encontro entre a atual apresentadora Cissa Guimarães e a icônica Lega Nagle que ficou por mais de 20 anos no comando da atração. Bruno Barros e Katy Navarro, que já lideraram o vespertino, também compuseram a mesa ao lado da jornalista Cristina Padiglione.

Leda revelou os entreveros que aconteciam nos bastidores com a ausência dos entrevistados até então confirmados. A apresentadora comentou que, nesses casos urgentes, sempre recorria aos atores que estavam em cartaz no Teatro Rival, próximo dos estúdios do canal no Rio de Janeiro. Katy ainda evocou que o “Sem Censura”, em seus primórdios, tinha quatro horas de duração.

Leda rememorou as constantes mudanças na cúpula da emissora pública que, em cada gestão, tinha uma percepção sobre os rumos do “Sem Censura” e lamentou que o programa não contava com uma expressiva divulgação pela então TVE.

“TV pública tem que viralizar”, defendeu Barros sobre os atuais cortes da atração nas redes sociais. Desde a retomada do formato original do “Sem Censura”, o programa reverbera e ganha repercussão expressiva nas mídias digitais.  

Bruno Barros e Katy Navarro relembraram ainda a fase da atração na pandemia do novo Coronavírus. Nesse período, as entrevistas ocorriam de forma remota. Os perrengues que aconteciam nas casas dos entrevistadores foram relembrados no bate-papo. “Resistência”, resumiu Katy.

Bruno recordou seu primeiro contato profissional com Leda. Disse que sonhava em trabalhar no “Sem Censura”, programa carro-chefe da TV Brasil, e conversou com a então apresentadora. Logo de cara, foi indagado sobre o seu signo e time. Leonino e flamenguista, foi contratado. O atual diretor do vespertino ainda imitou a voz de Leda Nagle e revelou que tinha trauma com a trilha do programa. Em sua infância, adorava Castelo Rá-Tim-Bum e, após o término do infantojuvenil, entrava o “Sem Censura” na programação e sua trilha de abertura. “Agora é hora dos adultos”, pensava.

Durante o programa que contou com uma plateia, a radialista Fabiana Cardoso, que era a telefonista do vespertino, relembrou os causos que aconteciam nas gravações. O contato com o público ocorria pelo telefone. Ela atendia, ao mesmo tempo, três aparelhos e anotava as perguntas e recados do público.

“Sem Censura” é um dos poucos programas diários que resiste na TV brasileira por décadas. Criou uma ligação afetiva com gerações diferentes de telespectadores. Nossos cumprimentos a todos os profissionais que construíram esse espaço democrático televisivo.

Fabio Maksymczuk

segunda-feira, 30 de junho de 2025

"Falas de Orgulho" decepciona na TV Globo

 

Olá, internautas

Na última sexta-feira (27/06), a TV Globo exibiu “Falas de Orgulho”. O programa foi ao ar na faixa ocupada por “Tributo”. Após o “Globo Repórter”. Um bom horário. Apesar disso, o especial ficou bem abaixo da expectativa.

Neste ano, tentaram inserir humor na construção do roteiro. Em um tempo diminuto de meia hora de arte, “Falas de Orgulho” bateu todas as siglas em um liquidificador. Ritmo picotado sem aprofundamento algum. Esquetes compuseram a atração. Ceia de Natal com o tio do pavê. Cover de Xuxa tentando explicar o significado de cada letra da expressão LGBTQIAPN+. Um homem com o manual de heterotop. Falas em stand-up também entraram no especial.

Uma tentativa de brincar com os estereótipos, mas, no final, o especial ficou marcado justamente por todos esses estereótipos, como uma comunidade “colorida”, “alegre” e “feliz”. Até mesmo, usaram o verbo “assumir” que deveria ser evitado, pois detém uma conotação negativa. Normalmente, “assumir” é associado a algum crime.

E, por fim, o especial revelou, em uma “brincadeirinha”, que não teve tempo para destacar os assexuais. Deixaram de lado. Uma contradição com a própria programação da TV Globo que aborda a temática com o personagem Poliana, interpretado por Matheus Nachtergaele na nova versão de “Vale Tudo”.

O especial poderia ter abordado o envelhecimento da comunidade LGBT, tema que, aliás, pautou a edição deste ano da Parada realizada em São Paulo. 

A edição 2025 de “Falas de Orgulho” aparece como a pior de todas as franquias da série “Falas” iniciada em 2020. O programa não transmitiu alguma conscientização, novidade, emoção, nova perspectiva ou mudança na mentalidade do público que não faz parte da comunidade.

Fabio Maksymczuk

sexta-feira, 27 de junho de 2025

"Garota do Momento" termina com missão cumprida

 

Olá, internautas

Nesta sexta-feira (27/06), “Garota do Momento” chegou ao fim. A novela das seis da TV Globo, escrita por Alessandra Poggi com direção geral de Jeferson De e direção artística de Natalia Grimberg, termina com a missão cumprida. Ficou ao redor dos 20 pontos de média nos índices de audiência. Dentro da meta.

Duda Santos interpretou a protagonista Beatriz. É uma jovem atriz, ainda em construção, que enfrentou o ritmo intenso de gravações. Dentro desse processo, entrou em um andamento automático no meio da produção. Na reta final, a personagem perdeu espaço. Mais uma vez, ressaltamos a necessidade de a TV Globo criar um plano de carreira para os jovens talentos. Já Maisa Silva deu vida à antagonista Bia. A eterna “mini petit” ganha, naturalmente, simpatia do público, já que cresceu em frente às câmeras. É uma personalidade televisiva. A persona da atriz sobrepôs à vilã. A redenção da personagem na reta final aparece nesse contexto.  

“Garota do Momento” entra na nova fase da emissora com a preocupação da representatividade negra. A temática aparecia redobrada na novela das sete “Volta por Cima” com discursos sobre racismo e desigualdade. A emissora deve avaliar se tal postura mais agrega ou provoca cansaço no público. 

Dentro da minha visão, a morte de Zélia (Leticia Colin) foi coerente dentro da proposta da novela. Nas redes sociais, criou-se um movimento contrário ao desfecho da personagem controversa. A autora acertou na decisão.

A seguir, o balanço final com os pontos positivos e negativos.

PONTOS POSITIVOS

Carol Castro: a atriz viveu um dos melhores momentos de sua carreira ao viver Clarice. Demonstrou intensidade com a personagem que marcou a trama do início ao fim.

Fabio Assunção e Lilia Cabral: dois atores do primeiro escalão que simbolizam a teledramaturgia da TV Globo. A experiência sempre faz a diferença. Ficaram na linha da frente da produção com Maristela e Juliano. 

Cauê Campos: o ator surgiu como uma grata surpresa em “Garota do Momento”. Chamou a atenção ao interpretar o “trambiqueiro” Basílio. Ótimo.

Pedro Novaes: o ator aproveitou a oportunidade e se destacou como o jornalista, publicitário e cineasta Beto. Deu vida a um mocinho que caiu nas graças do público.

Aparecida (Mariah da Penha) e Conceição (Arlinda Di Baio): a dupla de fofoqueiras foi um achado em “Garota do Momento”. Suavizava a trama com o bordão que marcava as personagens no papo de janela: “Cala-te boca. Deus tá vendo”...

PONTO NEGATIVO

Guto: a novela Garota do Momento desenvolveu muito mal a história do personagem Guto interpretado por Pedro Goifman. Nos últimos capítulos, o estudante e seu novo namorado, que estavam na rua, fugiram para um beco com escuridão na tela para camuflar um possível beijo (mal se tocaram na realidade). O mesmo cenário escuro já tinha aparecido na cena do primeiro beijo de Guto e Vinicius (Elvis Vittorio) que, aliás, foi exilado para os Estados Unidos. Desapareceu da trama. De fato, o Brasil vive uma onda conservadora que ecoa nas pautas morais da sociedade. Por isso mesmo, é fundamental que a história que envolva personagens homoafetivos seja bem escrita e desenvolvida para envolver o público (como aconteceu na recente Terra e Paixão). Caso contrário, é melhor que autores não explorem tal universo, pois podem reforçar essas relações como clandestinas e à margem da sociedade.

Fabio Maksymczuk  

segunda-feira, 23 de junho de 2025

"Central da Copa de Clubes" celebra reencontro de Tadeu Schmidt com cavalinhos

 

Olá, internautas

A Copa do Mundo de Clubes da FIFA movimenta a programação da TV Globo. O torneio alavancou a audiência do canal, principalmente na faixa vespertina. Até aqui, contra as expectativas iniciais, Palmeiras, Botafogo, Flamengo e Fluminense deixam uma boa imagem do futebol brasileiro.  

Após o encerramento dos jogos exibidos à noite, entra a “Central da Copa de Clubes” comandada por Tadeu Schmidt ao lado do comentarista Paulo Nunes. O programa celebra, na realidade, o reencontro do apresentador com os famosos cavalinhos. Uma parceria de sucesso que marcou o “Fantástico”.

Tadeu e seus mascotes criam um clima leve e festivo. Levam descontração ao telespectador. Após a vitória histórica do Botafogo frente ao PSG, o cavalinho botafoguense fez a maior festa na atração. Divertidíssimo.

Além dos “bichanos equestres”, Schmidt também revê o Petit Gatô, seu parceiro que se destacou na “Central Olímpica” com a cobertura da Olimpíada de Paris no ano passado. Uma boa ideia. Vindo da França, ele representa os torcedores do Paris Saint-Germain no estúdio da TV Globo. 

Tadeu Schmidt brilha na condução da “Central da Copa de Clubes”. É uma oportunidade de o jornalista retornar ao seu “ninho”, após imergir, por três meses, no “Big Brother Brasil”.  

Fabio Maksymczuk

sexta-feira, 20 de junho de 2025

TV brasileira entra em luto com morte de Francisco Cuoco

 

Olá, internautas

A TV brasileira entrou em luto nesta quinta-feira (19/06) com o desencarne de Francisco Cuoco. O ator morreu aos 91 anos por falência múltipla dos órgãos. Em virtude do falecimento, a TV Globo prestou sua homenagem ao veterano com a reprise do especial “Tributo” exibido originalmente no início desse mês.

A atração destacou a potência do artista que sedimentou o gosto do brasileiro por telenovelas, conforme ressaltado no depoimento do autor do excelente livro “A Hollywood Brasileira – Panorama da Telenovela no Brasil”, Mauro Alencar.

“Tributo” enumerou os inúmeros sucessos de Cuoco, especialmente nos anos 60 e 70, quando protagonizou obras célebres da teledramaturgia nacional, como Redenção, novela mais longa da história da TV brasileira com 596 capítulos, em que vivia doutor Fernando; Selva de Pedra, ao lado de Regina Duarte, com o inesquecível Cristiano (nome que liderou o ranking de registros de recém-nascidos em 1972); Pecado Capital com o controverso taxista Carlão; e O Astro com o icônico Herculano Quintanilha. Vale registrar que as três últimas obras citadas nesta lista ganharam remakes que mal repercutiram (Vale Tudo entra nesse rol e potencializa a má ideia de resgatar sucessos de tempos idos).

O especial também destacou o programa “Só o Amor Constrói” de 1973 (a versão original do Arquivo Confidencial). “Tributo” resgatou cenas das gravações com Cuoco no Theatro Municipal no centro de São Paulo. Milhares de pessoas desejavam venerá-lo em frente ao equipamento cultural. O autêntico paulistano do Brás era visto como um vencedor, após ter sido feirante pelas ruas da metrópole.

Tive a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, após o encerramento da peça “Uma Vida no Teatro” em 2013. A simplicidade e a voz potente e marcante deixaram lembranças na minha memória afetiva.

Presto minhas condolências aos familiares, amigos e fãs do ator que é um dos alicerces da teledramaturgia nacional. Mais um ícone dessa geração brilhante que se despede de nós. Descanse em paz.

Fabio Maksymczuk

quarta-feira, 18 de junho de 2025

SBT acerta com corte de "Eternamente Apaixonados"

 

Olá, internautas

O SBT já implementou a segunda etapa de alterações na programação. “Tá na Hora” sofreu redução na grade para comportar a estreia de duas atrações internacionais. O dorama sul-coreano “Meu Amor das Estrelas” e a novela mexicana “Eternamente Apaixonados” entraram entre “Fofocalizando” e o noticiário de Dani Brandi.

Com a nova estratégia, a emissora liderada por Daniela Beyruti sofreu uma queda nos índices de audiência. Isso já era esperado, principalmente com a produção da TelevisaUnivision. As telenovelas do México entraram em uma nova fase. As chamadas “novelas rosa”, que fazem sucesso no Brasil, deixaram de ser uma prioridade da nova direção do conglomerado mexicano. Com a entrada do sinal digital, as novelas mexicanas ganharam um estourado filtro na imagem. Todas essas razões ajudam a compreender o declínio das obras em nosso País.  

O SBT trilharia um caminho difícil com “Eternamente Apaixonados”. Por isso mesmo, o canal acertou em tirá-la logo do ar. E o mesmo deve acontecer com “As Filhas da Senhora Garcia”. A emissora deveria exibir apenas produções do México anteriores a 2018. Diante de tal quadro, já comentamos neste espaço que o canal tem como missão procurar opções em outros países.

Por isso mesmo, é louvável a aposta em doramas da Coreia do Sul. “Meu Amor das Estrelas” é um teste para verificar a recepção do telespectador brasileiro, em especial sbtista. A atração fica ao redor dos 2 pontos de média. Nesta semana, com o rearranjo da programação da TV Globo para encaixar a Copa do Mundo de Clubes da FIFA, a nova aposta enfrenta a forte novela “A Viagem” da TV Globo. O ideal seria escapar do confronto direto com a faixa do “Vale a Pena Ver de Novo”.

Escrito por Park Ji-Eun e dirigido por Jang Tae-Yu, “Meu Amor das Estrelas” apresenta uma boa produção, filtro de imagem adequado e um roteiro bem construído. Na série, Min Joon vive há mais de 400 anos. É um alienígena. Nesta encarnação, ele é um professor universitário que se envolve com sua vizinha e também aluna Song-Yi.  Na dublagem, a personagem tem a mesma voz da Ceyda que horas mais tarde aparece na novela “Força de Mulher” pela Record. Isso deveria ser evitado.

Nesses primeiros episódios, não aparece com contundência uma forte discrepância entre as culturas brasileira e coreana. Mesmo assim, em um capítulo, a personagem foi criticada por usar própolis da Austrália. O telespectador brasileiro ficou sem entender tal observação. A permanência de “Meu Amor das Estrelas” no ar é um acerto.  

O mais adequado seria a entrada dos doramas após a reprise de “A Usurpadora”. Desse modo, “Fofocalizando” entraria na faixa das 16h30. “Tá na Hora”, em seguida, às 17h30.  Porém, essa observação tem prazo de validade com o retorno do “Casos de Família”.

Fabio Maksymczuk

domingo, 15 de junho de 2025

Love e Dance "moderniza" ideia de Em Nome do Amor

 

Olá, internautas

A Record estreou, recentemente, “Love & Dance” na programação dominical. O formato Flirty Dancing é da All3Media International, produzido no Brasil pela Teleimage, com direção geral de Marcelo Amiky e direção artística de Cesar Barreto. A atração apresentada por Felipe Andreoli e Rafa Brites ocupou a faixa horária destinada aos jogos do Campeonato Brasileiro e, excepcionalmente, por Quilos Mortais.

A nova aposta recordiana ficou ao redor dos 4 pontos de média. Deixou a emissora na terceira colocação na estreia e também na segunda exibição veiculada neste domingo (15/06). Não cumpriu o objetivo de garantir a segunda colocação.

“Love & Dance” reúne homens e mulheres que nunca se viram. No palco, após ensaiar a coreografia nos bastidores, encontram-se e dançam. Após a apresentação, cada um (a) revela se ficou interessado no (a) parceiro (a). Basicamente, é o mesmo mote do “Em Nome do Amor”, comandado por Silvio Santos, nos anos 90.

No programa do SBT, moças e rapazes dançavam no palco do SBT, após ficarem se bisbilhotando, através de um binóculo. Após a dança regada ao som de Julio Iglesias, o animador questionava: é namoro ou amizade?

Na terceira década do século XXI, essa ideia é embalada na estrutura de um talent show. Fica tudo grandioso em um espetáculo comentado por Marisa Orth e dois convidados. Neste domingo, a produção convidou Naldo e Mulher Moranguinho, mesmo com o retrospecto das duas personalidades midiáticas. No formato apresentado, o trio serve, basicamente, para nada. Igual à plateia que mal aparece na edição. Usam ainda um filtro exagerado na imagem que tira a naturalidade do que é visto na tela.

A grandiosidade do “Love & Dance” tira a simplicidade e a maior aproximação com o telespectador. O show camufla a ideia do “amor à primeira vista”. Menos é mais.

Fabio Maksymczuk

quinta-feira, 12 de junho de 2025

Leticia Colin e Eduardo Sterblitch se destacam em "Os Outros 2"

 

Olá, internautas

Na última quinta-feira (05/06), sem grande divulgação, a TV Globo exibiu o último episódio de “Os Outros 2”. Desta vez, a série criada e escrita por Lucas Paraizo com direção artística de Luisa Lima ganhou exibição dupla, a cada semana, na emissora platinada. A estratégia ajudou a impulsionar a história. No ano passado, apenas um episódio era levado ao ar por semana. Criava-se um grande hiato.

Por outro lado, a segunda temporada entrou na segunda faixa da programação, após a novela das nove. Isso redundou em perda de audiência. Não atingiu a casa dos dois dígitos. Em 2024, “Os Outros 1” sucedia “Renascer”.

Leticia Colin, que interpretou Raquel, surge como o maior ponto positivo da produção. A atriz conseguiu encarnar a figura de uma evangélica da classe média alta. Fez um retrato coerente. Eduardo Sterblitch permaneceu em ótima fase como o miliciano e agora vereador Sérgio. O ator consolida a imagem fora da comédia.

Na reta final de “Os Outros 2”, Sergio aparece assassinado. A famosa pergunta “Quem matou?” durou apenas um episódio. O roteiro não girou ao redor do mistério. A segunda temporada, basicamente, serviu de elo para uma terceira temporada. Marcinho (Antonio Haddad) continuou sendo o personagem mais inconveniente da trama.

Agora é aguardar “Os Outros 3”.

Fabio Maksymczuk

terça-feira, 10 de junho de 2025

Grupo Globo comete erro com fim do VIVA

 

Olá, internautas

Nesta segunda-feira (09/06), o canal VIVA deixou de existir na TV paga. Em seu lugar, o Grupo Globo resolveu criar o Globoplay Novelas. A nova estratégia da companhia irritou grande parcela dos telespectadores que já demonstra insatisfação nas redes sociais.

Em 2010, a entrada do VIVA agradou ao público que ansiava rever títulos históricos da TV Globo. O canal cumpriu sua missão ao resgatar novelas históricas, como “Pai Herói”, de 1979, séries de humor, programas infantis, como Sítio do Picapau Amarelo e Xou da Xuxa, programas de auditório, como Cassino do Chacrinha, primeiras temporadas do Big Brother Brasil, edições pioneiras do Mais Você, entre tantos outros marcos da emissora platinada. Uma programação variada e nostálgica.

O VIVA era um dos canais líderes de audiência na TV paga. Portanto, as trocas de nome e do perfil de programação não se baseiam nesses alicerces. Provavelmente, resolveram abolir o canal para fortalecer a marca do streaming. Funciona como uma filial do Globoplay. Globoplay Novelas focará somente no universo das telenovelas. Igual ao TNT Novelas que deve ter servido como inspiração. Apenas uma hipótese. Segundo informações ventiladas, as séries de humor poderão entrar no cardápio do Multishow.

Com tal pensamento (errático), sportv também poderá ser alterado para Globoplay Esportes. “Globonews” passaria a ser chamado de “Globoplay Notícias”. E assim por diante. Em um momento de transição pelo qual atravessa a televisão brasileira, a direção do Grupo Globo comete erros sucessivos. A abolição do VIVA é um deles.

A marca VIVA já estava consolidada. De acordo com alguns tuiteiros, “Globoplay Novelas” é uma “usurpadora”. O Viivinha que tinha uma atuação simpática no Twitter (sim, Twitter) já deixa saudade.

O Grupo Globo conseguiu irritar o seu assinante.

Fabio Maksymczuk

sábado, 7 de junho de 2025

Bacci estreia "estacionado" no SBT

 

Olá, internautas

Luiz Bacci se transformou em uma das apostas da direção do SBT para elevar os índices da faixa matutina. O apresentador obtinha bom desempenho no Kantar Ibope com o “Cidade Alerta”. Apesar disso, o público da Record não sentiu saudades do “menino de ouro”. O sucessor Reinaldo Gottino manteve o mesmo patamar de audiência com um estilo mais ágil e jornalístico na apresentação, conforme já descrevemos neste espaço.  

É bom lembrar que Bacci já saiu da Record em outra oportunidade para liderar o “Tá na Tela”, atração vespertina da Band, em 2014. O comunicador não conseguiu capturar o público de sua antiga emissora. A atração obteve baixos índices de audiência e ficou no ar por poucos meses. Retrospecto negativo. 

O mesmo fenômeno já aparece no “Alô Você”. Em duas semanas, Bacci sinaliza dificuldades de elevar a audiência do canal fundado por Silvio Santos. Ficou estacionado na casa de 2 a 3 pontos de média, mesmo desempenho obtido pela antecessora Dani Brandi que ocupava a faixa horária com o “Primeiro Impacto”.

Diferente do que acontece no “Balanço Geral” com o quadro específico “A Hora da Venenosa”, Felipeh Campos, nas primeiras edições do novo programa, ficou no ar o tempo todo ao lado de Bacci. O bloco dedicado ao “mundo dos famosos” deveria ser fixo em um determinado horário, não excedendo a 15 minutos no ar. “Fofocalizando” cumpre essa função na grade de programação.

O noticiário “mundo cão” não pode dominar a atração. O jornalismo de prestação de serviço com independência aos governantes locais deveria ser a linha editorial do “Alô Você”. Desse modo, há uma justificativa para o nome da atração, Alô Você. Ouvir o cidadão paulista. Esse ponto é fundamental diante da postura de Bacci, no Instagram, em postagens sobre o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes.

O estúdio é outro ponto que deveria ser melhor trabalhado. É amplo demais só com Bacci na tela (ou acompanhado de Felipeh e da delegada Raquel Gallinati).

“Alô Você” estreou sem impacto.

Fabio Maksymczuk

quarta-feira, 4 de junho de 2025

"Toda Forma de Amor" ousa em cenário conservador

 

Olá, internautas

Em uma madrugada recente, tive a oportunidade de acompanhar a maratona de cinco episódios de “Toda Forma de Amor” no Canal Brasil. A série, dirigida por Bruno Barreto, traz narrativas ousadas em um país assolado pela onda conservadora.

A produção explora o universo LGBTQI+ em São Paulo. Romulo Arantes Neto interpreta Daniel, filho do pastor Alvim, vivido por Juan Alba. O religioso é um candidato a deputado federal que critica o “homossexualismo” e a “Bolsa Traveco”. Ao mesmo tempo, o rapaz é dono de uma boate voltada aos transexuais e fica envolvido com uma trans. Em uma das cenas, Romulo aparece em nu frontal numa cena de sexo anal.

A DJ Marcela (Gabrielle Joie) vive dilemas com sua mãe que não aceita a transição e também com seu namorado Jean (Gustavo Merighi) que rompe o relacionamento, após a trans decidir pela redesignação sexual. Ele deseja se casar com um rapaz.

Já Paulo (Eucir de Souza) é um homem casado com uma mulher, mas sente o desejo incontrolável por usar calcinha e roupas femininas. Durante os episódios, ele encontra coragem para viver o seu lado crossdresser. Sua esposa fica revoltada quando o vê depilado.

A história tem como um dos núcleos centrais um serial killer que mata travestis. O investigador Pedro (Alexandre Cioletti) fica responsável pelos casos, ao mesmo tempo que enfrenta uma crise conjugal com Clara (Christiana Ubach), uma mulher andrógena que sente atração sexual pela terapeuta Hannah (Guta Ruiz).

Em uma terapia de casal, a psicóloga revela o envolvimento entre elas. Cenas de masturbação no banheiro e em um restaurante ganham espaço na série. “Dizem que as lésbicas são ótimas com a língua. Ela te chupou muito? Te enfiou quantos dedinhos lá dentro?”, indaga o marido. Em outro momento, Pedro revela que só faz sexo anal com sua esposa, já que a imagina sendo uma “mulher com pau”. O texto da série é direto e sem meandros no linguajar.

Segundo informações ventiladas pela mídia, ocorreu um condensamento de sete para cinco episódios. Desse modo, o roteiro de Marcelo Pedreira fica acelerado. Rapidamente, Daniel, que tinha aversão absoluta por travestis, resolve transar com Marcela. Além disso, o último episódio deixa claramente brechas para uma segunda temporada que, desde 2019, não saiu do papel.

Em um país cada vez conservador, dificilmente o projeto será concluído. No atual cenário, "Toda Forma de Amor" não deve ganhar janela na TV aberta. Mesmo assim, o público que acompanhou a obra aguarda o desfecho da história. 

Fabio Maksymczuk

domingo, 1 de junho de 2025

Tiago Leifert fortalece SBT

 

Olá, internautas

Neste sábado (31/05), o SBT exibiu a grande final da UEFA Champions League. A goleada por 5 a zero sobre a Inter de Milão consagrou o Paris Saint-Germain do brasileiro Marquinhos. Tiago Leifert liderou a transmissão do SBT que alcançou momentos de liderança.

Para marcar o almejado topo no ranking da audiência, o jornalista imitou o som do sino. Na mesma semana, Tiago também já tinha conquistado o primeiro lugar nos índices com a eliminação do Corinthians da Copa Sul-Americana.  

Como já analisado neste espaço, jornalismo e esporte se transformaram em verdadeiros pilares de sustentação dentro do atual cenário da televisão aberta brasileira. Exatamente, as duas bases mais frágeis da história de 43 anos do SBT. Por isso mesmo, a emissora colhe agora a falta de investimento nas duas áreas.

Para reverter o quadro, a emissora presidida por Daniel Beyruti adquiriu direitos de transmissão de alguns eventos futebolísticos. Apesar disso, faltava uma equipe de profissionais que trouxesse a nova linguagem do jornalismo esportivo para o canal.

A contratação de Tiago Leifert, dentro desse contexto, é um acerto. O jornalista é um dos responsáveis diretos pela nova fase na TV aberta. Agora no papel de narrador esportivo, Leifert cumpre a missão em adotar o seu próprio estilo na condução da cobertura. Imita ninguém. Não grita. Não berra. Basicamente, ele traz a leitura jornalística sobre a partida de futebol. Narra os lances do jogo com o olhar de um jornalista.  

Leifert fortalece a imagem institucional do SBT. Um profissional que engrandece o elenco da emissora fundada por Silvio Santos.

Fabio Maksymczuk