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sábado, 28 de setembro de 2024

"Família É Tudo" resgata espírito de novelas das sete na TV Globo

 

Olá, internautas

“Família É Tudo” chegou ao fim na última sexta-feira (27/09). A novela das sete criada por Daniel Ortiz com direção artística de Fred Mayrink elevou os índices de audiência herdados da fracassada “Fuzuê”. A produção normalmente ficou ao redor dos 22 pontos de média. A antecessora mal conseguia adentrar a casa dos 20 pontos.

“Família É tudo” teve o mérito de resgatar o espírito das novelas das sete da emissora platinada. Obra leve, descontraída e despretensiosa. A seguir, o nosso tradicional balanço final com os pontos positivos e negativos:

PONTOS POSITIVOS

Daphne Bozaski (Lupita): a atriz foi um dos destaques da novela das sete. Irradiou carisma ao viver a guatemalteca Lupita que mexeu com o coração de Guto e Júpiter. O desfecho com o visual original foi um dos acertos da reta final. Não passou pelo processo de embelezamento para transformá-la em uma “mulher padrão”.

Daniel Rangel (Guto): o ator conseguiu imprimir uma identidade própria ao estagiário da Mancini Music. Guto se transformou em um dos personagens mais queridos da novela.

Thiago Martins (Júpiter): o ator também se destacou no elenco ao viver o então “boy lixo” Júpiter. A experiência de Martins fez a diferença ao ficar na linha de frente da trama. Trouxe carisma e bom humor. Um dos poucos atores cariocas que se preocupou em neutralizar o sotaque em uma novela teoricamente ambientada em São Paulo.  

Gabriel Godoy (Chicão): o ator trouxe o sotaque paulistano para “Família É Tudo”. Mais um ótimo trabalho ao trazer o bom humor para o palmeirense Chicão. Incorporou o espírito dos “manos da Zona Leste”.

Nathalia Dill (Vênus): a atriz estava linda em “Família É Tudo”. Protagonizou a novela com leveza. Uma mocinha que ganhou a simpatia do público.

PONTOS NEGATIVOS

Reforço da carioquice da TV Globo: “Família É Tudo” seria uma novela que traria o espírito de São Paulo. Como aconteceu em “Renascer”, a novela de Ortiz poderia ter sido ambientada em qualquer cidade. Além disso, o sotaque carioca acentuadíssimo de parte expressiva do elenco tirou o ar paulistano da obra. Ramille, por exemplo, sustentou a personagem Andrômeda pelo seu carisma. Em nenhum momento, ela conseguiu incorporar o espírito da personagem que seria uma patricinha de bairro nobre da capital paulista que foi morar no distante bairro de Vila Carrão. Aliás, não era Zona Leste, mas Zona Lessxxxxxte. Não era Vênus, mas Vênussssxxxxx. O mesmo aconteceu com Henrique Barreira que viveu o advogado Murilo. O personagem, neste caso, não precisava ser um “paulistano raiz”, mas o sotaque acentuado do ator também reforçou o ar carioca da produção. Ao mesmo tempo, a beleza e o carisma de Barreira no vídeo fortaleceu o personagem em contraposição a Jayme Matarazzo que ficou apagado na pele de Luca.

Ausência de Arlete Salles – com um elenco tão irregular, é incompreensível que a veterana Arlete Salles, atriz do primeiro escalão da TV Globo, tenha ficado de escanteio em grande parte dos mais de 170 capítulos da novela “Família É Tudo”.  Arlete apareceu de relance nos primeiros capítulos e só ressurgiu com algum espaço nos últimos trinta capítulos ao revelar a troca das irmãs Frida e Catarina.

Renato Goes (Tom Monteiro): o ator não se destacou na pele do mocinho Tom. Foi um dos seus trabalhos mais apagados em telenovelas da TV Globo. Além disso, o sotaque pernambucano do ator apareceu também como um forte ruído na produção. O personagem seria um paulistano que apareceu logo no primeiro capítulo nas instalações da Faap. Faltou esse espírito na interpretação.

Desfecho do triângulo amoroso entre Lupita, Guto e Júpiter: o autor Daniel Ortiz já tinha se equivocado na novela Haja Coração com o desfecho de Tancinha, Apolo e Beto. O mesmo aconteceu agora com o final de Lupita, Guto e Júpiter. Lupita deveria ter ficado com Guto. A cigana, logo nos primeiros capítulos, já tinha traçado o desfecho com uma previsão. No meio do caminho, aparentemente, Ortiz mudou de ideia e tentou justificar a mudança de rota nos últimos capítulos. Outro triângulo também provocou desconforto com o “talarico” Murilo que ficava de olho na namorada do próprio irmão.

Repetição de Paulo Lessa: a TV Globo vive um momento delicado em suas telenovelas. A repetição constante de atores é um indício da má fase. Paulo Lessa, há pouco tempo, se destacou em Cara e Coragem. 2022-2023. Logo depois, reapareceu em “Terra e Paixão”. 2023-2024. Agora, mais uma vez, ressurgiu em “Família É Tudo” com um personagem sem grandes complexidades. Há dezenas (quiçá, centenas) de atores que estão fora do ar e poderiam ter ganhado essa oportunidade.

Fabio Maksymczuk

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Patricia Abravanel se destaca no comando do "Show do Milhão"

 

Olá, internautas

Mesmo diante do clima de luto pela morte de Silvio Santos, Patricia Abravanel assumiu um novo desafio em seu dominical do SBT. Agora, a apresentadora fica responsável pelo comando de uma das atrações mais tradicionais de seu pai.

O “Show do Milhão“ retornou no “Programa Silvio Santos com Patricia Abravanel”. A disputa de perguntas e respostas encerra a atração. Ocorreu um remanejamento de quadros. As Câmeras Escondidas que, normalmente, fechavam o dominical agora vão ao ar na faixa das 22 horas.

O “Namoro na TV”, após poucas exibições, saiu momentaneamente do ar. O Show de Calouros, outro ícone de Silvio Santos, marca o início da atração às 19 horas. “Show do Milhão” entra na faixa das 23 horas e até já conquistou momentos de liderança durante o confronto com o frágil “Estrela da Casa”, liderado por Ana Clara, pela TV Globo.

Patricia segue o formato do “Show do Milhão” comandado por Celso Portiolli em 2021. A apresentadora fica distante do participante. Diferente de Silvio Santos que se colocava à frente do desafiante. O clima de suspense também é menos intenso.

A entrada de Patrícia no comando do tradicional “Show do Milhão” fortalece a representatividade feminina. A apresentadora impõe o seu estilo e foge do modelo de SS e Portiolli. Transmite a sua própria personalidade.

Patricia confirma, mais uma vez, sua nítida evolução à frente das câmeras. “Show do Milhão” funcionou dentro da estrutura do “PSS”.

Fabio Maksymczuk

sábado, 21 de setembro de 2024

"Mania de Você" decepciona na audiência

 

Olá, internautas

Na última semana, a TV Globo estreou “Mania de Você”. A nova novela das nove, criada e escrita por João Emanuel Carneiro, com direção artística de Carlos Araujo, derrubou a audiência da emissora platinada.

A nova aposta, até mesmo, já não conseguiu sustentar os índices herdados do “Jornal Nacional” que antecede na programação. “Família É Tudo”, a novela das sete, já superou os índices de “Mania de Você”. A novela das seis, “No Rancho Fundo”, ficou a um décimo da badalada novela das nove.

Os primeiros capítulos focaram no núcleo central da trama. A história rodeia cerca de dez personagens. Um número diminuto. Apesar do índice abaixo da meta, o bom texto do autor se faz presente. O ritmo ágil da direção trouxe ar de dinamismo.

Diante de tal quadro, quais os motivos podem ser levantados para compreender o fenômeno? A TV brasileira vive um momento de perda contínua de telespectadores em tempo real. A medição do Kantar Ibope deveria ser atualizada diante do novo cenário.

Ao mesmo tempo, ocorre um processo acentuado de envelhecimento do público da TV aberta. Por isso mesmo, esse pode ser o ponto central para compreender o quadro. Os quatro protagonistas, Agatha Moreira (Luma), Chay Suede (Mavi), Gabz (Viola) e Nicolas Prattes (Rudá), pertencem à nova geração. Jovens. O público tradicional de telenovelas busca se reconhecer na tela. E isso não acontece, até aqui.

Além disso, há uma repetição persistente na escalação de atores e atrizes. Chay mal desencarnou do Ari, de “Travessia”. Agatha esteve há pouquíssimo tempo na faixa das nove em “Terra e Paixão”. Prattes mal saiu do ar com a fracassada Fuzuê. Por outro lado, Gabz ainda é uma atriz novata sem elo com o público.

Rodrigo Lombardi também é outro nome que mal saiu do ar. Relembrou Moretti, de Travessia, em Molina. Adriana Esteves, que interpreta Mércia, repete a mesma parceria de mãe e filho com Chay Suede, de “Amor de Mãe” em “Mania de Você”.

Agora, é acompanhar se a segunda fase mudará o cenário.

Fabio Maksymczuk

quarta-feira, 18 de setembro de 2024

"A Fazenda 16" estreia sem carro-chefe

 

Olá, internautas

Na última segunda-feira (16/09), a Record estreou a décima sexta temporada de “A Fazenda”. O reality show iniciou com um elenco inchado sem grandes nomes. Desde a mudança para Itapecerica da Serra, a atração perdeu fôlego, como já analisado neste espaço. Nesta fase, as duas edições que sobressaíram tinham os chamados “carros-chefe”. Em “A Fazenda 12”, Jojo Todynho. Na Fazenda 15, do ano passado, Rachel Sheherazade surpreendeu em encarar o confinamento rural.

Os ex-BBBs sempre rendem nos realities da Record. O reality da TV Globo ecoa em “A Fazenda 16”. Larissa Tomasia, que ficou conhecida pelo emoji de limão no “BBB21”, é uma das participantes. Gizelly Bicalho, que teve uma repercussão maior no ótimo “BBB20”, entrou inicialmente no Paiol. Já deveria ter entrado diretamente na sede. No ano passado, Cezar Black também iniciou pelo Paiol e teve seu jogo prejudicado.

Camila Moura, ex-esposa de Lucas Calabreso Buda, é um dos nomes da décima sexta temporada. Raquel Brito, irmã do campeão do BBB24, Davi Brito, também ganha a sua oportunidade. É válido lembrar que a irmã de Gil do Vigor, Janielly Nogueira, e Dona Geni, mãe de Jaquelline Grohalski, também participaram de realities da Record (A Grande Conquista), mas não herdaram a força da torcida dos ex-BBBs. O mesmo aconteceu com Sandra Melquíades, mãe do campeão da Fazenda 13, Rico Melquíades.  

Dentre os mais conhecidos pelo público da TV aberta, aparecem os atores Sidney Sampaio e Sacha Bali, a eterna jurada de Silvio Santos, Flor Fernandez, e o eterno Trem da Alegria, Juninho Bill (uma das poucas boas sacadas do elenco). Já entre as “personalidades da mídia”, que também possuem algum elo com o telespectador, aparecem o bombeiro da Eliana, Yuri Bonotto, e o ex-personal trainer de Gracyanne Barbosa, Gilson de Oliveira, que se transformou em Gilsão. Aliás, os dois, logo na estreia, iniciaram um conflito que se estende até agora. Discussão prematura.

A cota “ex-De Férias com o ex” permanece intacta. A missão fica com Luana Targino que entrou na metade do reality da MTV. De alguns anos para cá, a direção também criou a cota “ex-novela infantojuvenil do SBT” que fica agora representada por Julia Simoura e Gui Vieira. O ex-jogador de futebol Zé Love herda a cota esportista.

Dentre os mais desconhecidos, Fernando Presto, ex-MasterChef, deverá suceder Aritana na cozinha da Fazenda. Flora Cruz, filha de Arlindo Cruz, representa a cota “herdeira”, vinda de Lily Nobre do ano passado. Babi Muniz traz a tradição da cota “ex-panicat”. Vanessa Carvalho vem no rastro de “Casamento às Cegas”, da Netflix. Zaac é o músico da temporada. As modelos Fernanda Campos e Suelen Gervásio compõem esse time.

Já no Paiol, apenas Gizelly se destaca. A direção resolveu resgatar D’Black, que já tem sua cota de realities preenchida. O marido de Adryana Ribeiro, Albert, não deixou uma boa lembrança no telespectador em sua passagem pelo Power Couple Brasil. Inacreditavelmente, a direção deu uma nova oportunidade a três vileiros da Grande Conquista que sequer subiram para a Mansão: Gabi Rossi, Vivi Fernandez (até surpreendemos com o mau desempenho da ex-mallandrinha na votação) e Michael Calazans que mal apareceu entre os conquisteiros. A direção cometeu um erro gravíssimo em não ter dado uma nova oportunidade a Bruno Cardoso, ressaltado ainda mais diante dos selecionados. Dentro da cota do patrocinador, surgem Cauê Fantin e Geovana Chagas.

Agora, é aguardar se as peças encaixam no jogo. “A Fazenda 16” iniciou sem impacto na formação do elenco.   

Fabio Maksymczuk

sábado, 14 de setembro de 2024

Rodrigo Faro não supera desafio em filme "Silvio"

 

Olá, internautas

Neste sábado (14/09), fui ao Cinemark do Shopping Higienópolis e assisti “Silvio”, dirigido por Marcelo Antunez com roteiro de Newton Cannito e Anderson Almeida. Como já especulado antes mesmo da estreia, o principal entrave do filme recai na escalação de Rodrigo Faro que interpreta a fase “madura” do animador.

Em 2001, ano do sequestro que conduz todo o roteiro, Silvio Santos já tinha 70 anos. “Um senhor septuagenário”. Faro não transparece essa idade na tela. Nem em sua interpretação e nem na caracterização.

Com o desenrolar da história, os espectadores podem ter ficado interessados em descobrir mais sobre a vida do sequestrador Fernando Dutra Pinto, vivido pelo ator Johnnas Oliva, um dos destaques positivos do elenco.  

O filme, com cerca de duas horas, deveria ter focado apenas no sequestro, inclusive com o fato antecedente que envolveu Patrícia Abravanel, interpretada pela atriz Polliana Aleixo. Há apenas um breve relance logo no início do longa sobre o episódio.

O roteiro preferiu pincelar fatos da biografia de Senor Abravanel. Em um vai e volta com o desenvolvimento do sequestro. Há um fato que causa ruído com a realidade. Silvio Santos preferiu participar de um jantar com o então presidente João Figueiredo para obter a concessão da TV e não visitar a sua esposa Cidinha que estava em estado terminal no hospital. O general assumiu a Presidência em 1979. A primeira esposa de Silvio morreu em 1977. “Silvio” fez questão de ressaltar a importância de Manoel de Nóbrega, fato que já abordamos em um post recente por aqui.  

O roteiro também preferiu jogar luz na relação fria de Silvio Santos com a filha Cintia Abravanel. Patricia, que se viu envolvida no sequestro, ficou como coadjuvante na história. O ambiente político também foi pincelado no roteiro, como a participação do então governador Geraldo Alckmin, figura não tão conhecida pelos paulistas, já que tinha assumido o posto, após a morte de Mario Covas.

O cenário da insegurança pública, que era uma marca do governo tucano naquele período (início do enraizamento do PCC e explosão do número de sequestros), não entrou no contexto do filme.

Na minha visão, “Silvio” não é de todo ruim. Os momentos de apreensão de Fernando e Silvio  humanizam o fato que ganhou repercussão em todo o País. Aproveitem a promoção de 12 reais no valor do ingresso.

Fabio Maksymczuk

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Ausência da TV Brasil é sentida em Jogos Paralímpicos de Paris

 

Olá, internautas

No último domingo (08/09), os Jogos Paralímpicos chegaram ao fim em Paris. A delegação brasileira bateu recorde na competição ao conquistar 89 medalhas, sendo 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes. Ficou na expressiva quinta colocação no ranking geral.

Para cobrir o evento, a TV Globo exibiu reportagens nos telejornais, especialmente no Jornal Nacional com Guilherme Pereira que viveu, nos últimos dois anos, o clima olímpico e paralímpico na capital francesa. O jornalista enfatizou a falta de acessibilidade no centenário metrô parasiense. Seria necessário um investimento vultoso (na casa do bilhão) para reverter tal quadro. A pauta entrou em discussão com a realização dos Jogos.

Já no início do horário nobre, entre o término da reprise de “Alma Gêmea” e a novela ‘No Rancho Fundo”, entrou o boletim Volta Paralímpica com Vinicius Rodrigues e Adria Santos. A dupla passou entrosamento no vídeo. A emissora acerta em investir no jornalista que é um dos destaques da nova geração de narradores. No programa de despedida, Adria emocionou o telespectador com o forte discurso que destacou a sua representatividade na maior emissora do País.

A transmissão das competições ficou restrita ao sportv2. Canal pago. Uma das modalidades que mais chamou a atenção foi o Golbol. Um dos comentaristas revelou que a importação da bola especial, que é confeccionada em poucos países do mundo, chega a 1700 reais por unidade. E a validade da bola não ultrapassa três semanas. Um entrave para a maior popularização da modalidade esportiva.

Dentre os narradores, Eduardo Moreno chamou a atenção pela similaridade do timbre de voz do locutor Milton Leite que deixou o canal, após o encerramento da Olimpíada. Dentro da perspectiva da representatividade, Isabelly Morais ganhou espaço, especialmente na transmissão dos esportes coletivos. Dentro da atual equipe de narradoras, ela é a melhor na locução das modalidades fora do futebol. Porém, é necessário não cair na armadilha de gritos e não precisa engrossar a voz em momentos de tensão. A narração feminina precisa encontrar o seu próprio caminho.  

A TV Brasil, que foi a emissora oficial dos Jogos Paralímpicos de Tóquio, em 2021, desta vez, não transmitiu as competições pela TV aberta. Uma ausência muito sentida pelos telespectadores que não têm acesso à TV paga. O canal exibe frequentemente partidas de futebol (tanto masculino quanto feminino) em sua grade de programação. Poderia ter adquirido os direitos da Paralímpiada 2024. Esperamos que em Los Angeles, a emissora pública resgate o espírito paralímpico.

Fabio Maksymczuk  

sábado, 7 de setembro de 2024

Clima soturno e falta de baianidade derrubam remake de "Renascer"

 

Olá, internautas

Na última sexta-feira (06/09), o remake de “Renascer” chegou ao último capítulo. A novela das nove da TV Globo, adaptada por Bruno Luperi, não repetiu o sucesso da obra original. A distância de repercussão entre as produções de 1993 e 2024 é enorme.

Neste caso, a perda de força da TV aberta não pode ser a justificativa principal para o fenômeno. A adaptação iniciou com ótima perspectiva. A passagem para a segunda fase apresentou entraves do início ao fim. O elenco foi composto por poucos medalhões da emissora. Uma novela das nove com poucas estrelas do primeiro escalão já sinalizava apreensão antes da estreia.

Apesar do temor, o elenco, no geral, funcionou. A representatividade pela cor da pele apareceu bem contextualizada na obra. Porém, outro problema crônico da teledramaturgia da TV Globo em 60 anos apareceu com ênfase. A falta de atores genuinamente baianos trouxe o sotaque artificial à produção. A representatividade regional não é valorizada, até hoje, mesmo dentro das novas diretrizes do Grupo Globo.

Antes do nosso tradicional balanço com os pontos positivos e negativos, destaco algumas ponderações. Marcos Palmeira, no geral, desenvolveu um bom trabalho em Renascer. O ator, na realidade, adocicou José Inocêncio. O personagem perdeu a aura de anti-herói. Iniciou, estranhamente, com o mesmo sotaque de José Leoncio, de Pantanal. No decorrer da obra, incorporou o tom baiano. Mesmo assim, uma indagação ficará. Leonardo Vieira, que brilhou na primeira fase de Renascer em 1993, não teria sido o nome certo para protagonizar a adaptação? O ator poderia ter feito alguma participação especial.

A personagem mais icônica de Renascer 93, Buba, se transformou, na realidade, em outra figura no remake. Gabriela Medeiros deu um tom muito mais ameno a sua Buba. Durante o desenrolar da obra, Luperi conseguiu justificar a mudança da personagem “hermafrodita” em mulher trans. O adaptador acertou em cheio no desenvolvimento da história da personagem com sua família. Gabriela não comprometeu.

Já Theresa Fonseca superou a expectativa ao pegar um dos personagens mais traumáticos da obra original. A atriz cumpriu a missão ao viver Mariana, personagem mal construída nas mãos de Benedito Ruy Barbosa. Luperi não conseguiu desatar o nó da criação original. Após ficar sem função em muitos capítulos, a personagem ganhou uma reviravolta apenas no derradeiro final.

Agora, sigamos com a lista (a primeira fase já foi analisada meses atrás).

PONTOS POSITIVOS

Edvana Carvalho (Inácia): Edvana foi o único vislumbre verdadeiro de baianidade em “Renascer 24”. Brilhou do início ao fim com sua personagem que trouxe a diversidade religiosa ao remake. Acerto de Luperi. Nota 10.

Xamã (Damião): foi, de fato, a maior revelação de “Renascer”. O então cantor demonstrou sua versatilidade na interpretação. Encarou o enorme desafio ao viver o matador Damião. Excelente do início ao fim. Não perdeu fôlego em momento algum.

Sophie Charlotte (Eliana): Eliana foi a personagem que mais cresceu da obra original para o remake, principalmente pela ótima atuação da atriz Sophie Charlotte que colhe outro êxito em sua carreira.

Marcello Melo Junior (Zè Bento): o ator conseguiu passar o ar da baianidade ao personagem. Incorporou o espírito à obra teoricamente nordestina.

Renan Monteiro (José Augusto): ainda com pouco destaque na teledramaturgia da TV Globo, o ator aproveitou a oportunidade e se destacou no personagem que vivia aflições com o seu destino e escolhas de vida. A longa cena de Zé Augusto que reverberou as suas angústias no relacionamento frio com o pai Zé Inocencio aparece como um dos principais momentos da segunda fase. Tocante e uma ótima parceria com Marcos Palmeira no vídeo.

Rodrigo Simas (José Venancio): em Renascer, o ator passou seu amadurecimento profissional. Crescimento perceptível na pele de Zé Venancio. A novela caiu, após a morte do personagem. Fez falta.

Matheus Nachtergaele (Norberto) e Almir Sater (Rachid): os dois atores cresceram durante a segunda fase do remake. Passaram um ótimo entrosamento no vídeo e suavizaram a produção. O diálogo de Norberto com o telespectador foi uma boa sacada. A experiência sempre faz a diferença.

Giullia Buscaccio (Sandra): Sandra foi uma das personagens que mais cresceu no remake. Isso se deve ao ótimo desempenho da atriz Giullia Buscaccio que viveu o melhor momento de sua carreira artística. Transmitiu carisma e empoderamento à mocinha da novela.

PONTOS NEGATIVOS

Juan Paiva (João Pedro): no remake de Pantanal, Jesuita Barbosa aprofundou a chatice de Jove. No remake de Renascer, Juan Paiva aprofundou a melancolia de João Pedro. Do início ao fim. Trouxe vestígios de seus recentes trabalhos ao caçula de Inocêncio. O ator personificou os maiores problemas do remake. O sotaque baiano ficou artificial. E o ar soturno do personagem se aprofundou. João Pedro ficou mais “menino” nas mãos de Paiva em comparação a Marcos Palmeira. Isso pode ser visto como uma questão geracional.  

Irandhir Santos (Tião Galinha): Tião Galinha foi um dos principais personagens de Renascer original. Osmar Prado brilhou. Conquistou premiações importantes e entrou para a história da teledramaturgia nacional. Já na readaptação, o ator Irandhir Santos pesou o personagem com uma atuação mais alinhada à “consciência de classe”. Sem carisma. Luperi deu um novo destino a Tião Galinha. Uma adaptação necessária. Porém, o “ex-catador de caranguejo” aprofundou o tom pesado do remake.  

Falta da Bahia: Muito diferente da obra original, o calor da Bahia desapareceu no remake. Em 1993, o turismo explodiu em Ilhéus. Na produção de 2024, a saga de Zé Inocêncio poderia ter sido gravada em qualquer região do País. O baiano não se reconheceu na tela.

Novela soturna: Na obra original, a direção de Luiz Fernando Carvalho transformou “Renascer” em uma novela solar. Já o diretor Gustavo Fernandez trouxe um ar soturno à história. O filtro escuro na imagem transformou a fazenda em um breu. O tom terroso marcante no figurino e cenário aprofundou ainda mais tal impressão. A linguagem estética é um dos principais problemas atuais das telenovelas da TV Globo.

Fabio Maksymczuk

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Ronnie Von traz elegância às noites da RedeTV!

 

Olá, internautas

A RedeTV! estreou, recentemente, “Companhia Certa”, sob comando de Ronnie Von. A nova atração sucede “Superpop” na programação às quartas-feiras. Avança madrugada adentro. Termina por volta da 1 da manhã.

Mesmo com o horário ingrato, o novo programa fortalece o conteúdo de qualidade da emissora. Ronnie Von traz elegância ao “canal da exclamação”. O apresentador recebe convidados especiais para um bate-papo agradável.

Na mais recente edição, o ator Murilo Rosa prestigiou “Companhia Certa”. Enfatizou que fez questão de sair do Rio de Janeiro especialmente para conhecer Ronnie pessoalmente em São Paulo. O comandante do talk show possui prestígio dentro do universo artístico, o que facilita a presença de figuras ilustres do meio, como a atriz Nivea Maria que inaugurou o programa de entrevistas.

“Companhia Certa” presenteia o convidado com um álbum de fotografias que simboliza fases e pessoas marcantes, o que traz momentos de emoção, sem cair na pieguice. Ronnie normalmente questiona declarações do entrevistado na imprensa. O clima de intimidade entre o apresentador e o convidado marca a atmosfera do talk show.

“Companhia Certa” deveria, em um cenário ideal, ocupar as noites das segundas-feiras. Na faixa das 22h30, após o “TV Fama”. Teria condições de obter mais repercussão neste horário.

Fabio Maksymczuk

segunda-feira, 2 de setembro de 2024

FABIOTV entra no Bluesky

 

Olá, internautas

Nos anos 2000, o Orkut inaugurou a entrada das redes sociais no Brasil. O blog FABIOTV utilizava o espaço para aumentar o alcance das postagens. Com a eclosão do Facebook, por volta de 2010, principalmente devido ao filme em território tupiniquim, o fenômeno ganhou ainda mais impulso.

Pessoalmente, não compreendo, até hoje, o Facebook. Orkut perdeu o duelo e deixa saudades eternas. A partir de 2009, há quinze anos, entramos no Twitter, rede social que se alinha ao objetivo pioneiro do blog.

Utilizávamos o “microblog” para comentar, em tempo real, os destaques da programação da TV brasileira. Com uma linguagem sucinta e direta. Diante disso, este espaço ganhou artigos mais longos e analíticos.  

Twitter se transformou recentemente em X com Elon Musk. O bilionário, agora, trava um duelo com o ministro do STF, Alexandre de Moraes. Os brasileiros estão impossibilitados de usar a rede social.

Diante de tal quadro, entramos oficialmente na rede social Bluesky que possui similaridades com o Twitter.

Para quem quiser acompanhar os meus pitacos, divulgo aqui o endereço:

@fabiotv.bsky.social

É só procurar por “fabiotv”.

Conto com sua participação!

Fabio Maksymczuk